Ore Investments adquire Mineração Morro Verde e entra em fosfato

19/10/2023
Hoje, a Morro Verde está produzindo 400 mil toneladas de fosfato por ano, mas o plano é levar essa produção para 1,5 milhão/ano com o investimento da Ore.

 

A Ore Investments, gestora de private equity focada em mineração, acaba de comprar o controle da Morro Verde, uma das principais produtoras de fertilizantes fosfatados do Brasil. 

A Morro Verde é dona de uma mina em Pratápolis, Minas Gerais, que tem reservas comprovadas de 50 milhões de toneladas de fosfato com um teor de concentração médio de 10%, um patamar 2x maior que a média do Brasil.

Hoje, a Morro Verde está produzindo 400 mil toneladas de fosfato por ano, mas o plano é levar essa produção para 1,5 milhão/ano com o investimento da Ore. Com esse ritmo, a vida útil da mina é de cerca de 60 anos.

Mauro Barros, o CEO da Ore, disse que a gestora fez um mapeamento de todos os ativos capazes de produzir fosfato no Brasil, e que a Morro Verde era de longe o melhor. “Ela é a que tem mais volume de toneladas e o maior teor médio de concentração da jazida,” disse o gestor. Além disso, segundo ele, a Morro Verde opera num mercado que cresce mais de 30% ao ano e vem ganhando share dos fertilizantes químicos e dos produtos importados, que hoje representam 85% do consumo de fertilizantes no Brasil. “Estamos na interseção de duas pautas muito grandes: a insegurança alimentar e dependência das importações; e a descarbonização,” disse Felipe Holzhacker, o fundador da Morro Verde. “Desenvolvemos fertilizantes adequados ao clima tropical e a uma agricultura regenerativa, que é um mercado que cresce 30% ao ano em comparação aos 2% a 4% do mercado de fertilizantes químicos.”

Diferente dos fertilizantes químicos – que têm a adição de amônio, ácido sulfúrico ou cloro em seu processo produtivo – os fertilizantes naturais e biofertilizantes não tem nenhuma adição de químicos, sendo misturados apenas com microrganismos, matéria orgânica ou agentes biológicos.  “Além de serem ambientalmente mais corretos, do ponto de vista de custo de produção eles também são mais eficazes, porque você não usa esses insumos que são complexos, e ele não é intensivo em energia,” disse Mauro. 

Para fazer o investimento, a Ore está levantando um fundo exclusivo para a transação. Parte dos recursos — cerca de US$ 15 milhões  — está vindo do fundo I da gestora, que já captou US$ 60 milhões, e o restante de co-investidores, principalmente family offices. A gestora não abriu o valor do aporte, mas disse que os US$ 15 milhões do primeiro fundo são uma parcela pequena (menos de 25%) do montante total. A transação é principalmente primária, mas tem também um componente secundário que dará liquidez ao fundador e a outros investidores-anjo que entraram no início do negócio.

Descoberta em 2013, a mina de Pratápolis começou a operar três anos depois. O investimento na jazida foi feito pelo Grupo Fronteira, a holding de Felipe que tem outros ativos no setor de mineração.   Após o investimento da Ore, Felipe vai continuar como CEO da companhia e o principal acionista individual por meio de sua holding. 

O empresário disse que o plano da Morro Verde é investir mais de R$ 500 milhões nos próximos cinco anos para aumentar a produção da mina e para lançar novos produtos – parte virá do aporte da Ore, parte da geração de caixa da própria empresa. 

Hoje a Morro Verde tem dois produtos: o fosfato natural reativo e o calcário dolomítico, que são usados principalmente para a plantação de cana de açúcar. O plano é lançar um biofertilizante (o BioRocha), um potássio natural e um polinutriente; todos são mais adequados para as culturas de soja e milho. 

A Morro Verde faturou R$ 150 milhões no ano passado, com margem EBITDA de 50%. Este ano, o top line deve crescer na casa de 30-40%, segundo Felipe. 

A expectativa é que o crescimento do faturamento supere o da produção nos próximos anos, já que os novos produtos que serão lançados tem um maior valor agregado. Mauro disse que a Morro Verde é um ativo “que gostaríamos de ‘buy and hold’, porque o Brasil é deficitário estruturalmente do produto e, no Triângulo Mineiro, você está na cara do gol para vender para o Sudeste e Centro-Oeste.” “Mas como saída, vemos a possibilidade de M&A com grandes produtores de fertilizantes químicos que queiram diversificar, ou com grandes consumidores do produto, que queiram verticalizar o negócio,” disse ele. “Outra possibilidade é um IPO.”

Matéria do Brazil Journal

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