Hidrogênio Verde ganha espaço e investimentos no Brasil

01/03/2024
Será preciso investir cerca de US$ 200 bilhões para impulsionar a indústria e produzir o hidrogênio

 

Quando a corrida por novas fontes de energia limpa começou ainda não se falava em Hidrogênio Verde. Embora seja o elemento mais abundante do planeta, o hidrogênio é um elemento que precisa ser separado de outras moléculas e este processo, até então, só acontecia com a utilização de combustíveis fósseis. Atualmente são produzidos 60 milhões de toneladas de Hidrogênio, por ano, para ser combustível para refinarias, siderúrgicas e fabricantes de amônia.

O Hidrogênio é considerado Verde, então, quando o processo de separação, geralmente da molécula de água (H2O), utiliza uma corrente elétrica, e esta é obtida a partir de uma fonte de energia limpa, como a eólica ou a solar. Daí as cores, que dependem de qual combustível foi usado na separação, Verde para as renováveis, marrom do carvão mineral, rosa da energia nuclear, entre outras.

No entanto, será preciso investir cerca de US$ 200 bilhões para impulsionar a indústria e produzir o hidrogênio. O volume de energia elétrica terá de ser elevado em 180 gigawatts (GW) apenas com renováveis. Isso significa dobrar a capacidade atual da matriz elétrica brasileira, que hoje inclui hidrelétricas, térmicas, eólica, solar e nuclear. A fonte eólica, por exemplo, tem cerca de 20 mil megawatts (MW) instalados e a solar, 10 mil MW. Ou seja, para pensar na produção de hidrogênio verde é preciso expandir exponencialmente essas fontes de energia.

A boa notícia é que o Brasil é um dos líderes em pesquisas e investimentos. Estima-se que até 2040 a receita com esse combustível limpo ficará entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões, sendo 70% do montante no mercado doméstico. Entre as principais aplicações estão o uso no transporte de carga e na siderurgia, por exemplo. Esse potencial, pode, aliás, gerar riquezas, já que o nosso amplo potencial para geração eólica e solar, pode elevar a capacidade de produzir hidrogênio verde para consumo próprio e para exportação.

Especialistas reforçam, no entanto, que ainda há questões de segurança que devem ser consideradas, já que o produto é altamente inflamável e explosivo. O armazenamento tem de ser feito com muito cuidado. E o transporte é complexo e caro. Outro desafio é o preço, já que, enquanto o quilo do hidrogênio cinza é US$ 2, o verde está entre US$ 5 e US$ 8.

O Ceará foi um dos primeiros a investir em Hidrogênio Verde. O que levou o Estado ao centro das discussões sobre o produto. Há um projeto inédito no Porto de Pecém que prevê o uso de energia elétrica gerada pelo Complexo Eólico Marítimo Dragão do Mar e de um parque de energia eólica offshore (nas águas do mar), segundo o complexo portuário. O investimento total previsto é de US$ 6,95 bilhões.

O porto tem acordo com outras empresas para desenvolver projetos de menor porte, como o da portuguesa EDP. O empreendimento faz parte do programa de Pesquisa e Desenvolvimento da UTE Pecém, instalada em São Gonçalo do Amarante (CE). A planta de eletrólise será abastecida por uma usina solar de 3 MW. O objetivo é criar um guia com análises e cenários para aumentar a escala da produção do hidrogênio, diz a empresa.

 

Por Tomás Figueiredo

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