Vale e GEP vão desenvolver soluções para siderúrgicas
A Vale e a Green Energy Park (GEP), empresa integrada de hidrogênio europeia, assinaram parceria para desenvolver soluções de descarbonização para o setor siderúrgico global. As partes desenvolverão estudos de viabilidade para a instalação de uma unidade de produção de hidrogênio verde no Brasil para abastecer um futuro Mega Hub – complexo industrial destinado à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono no Brasil.
A iniciativa conjunta poderá criar uma plataforma aberta a parcerias internacionais onde siderúrgicas poderão adquirir e produzir “hot-briquetted iron” (HBI ou ferro-esponja, em português) no Brasil e acelerar o crescimento da indústria de aço de baixo carbono. A Vale tem buscado ativamente trabalhar em conjunto para viabilizar a construção de Mega Hubs no Brasil, alinhados com seu objetivo estratégico de promover a indústria de baixo carbono no País. Nesses complexos industriais, a Vale irá produzir aglomerados de minério de ferro (pelotas ou briquetes), que servirão como insumo para a produção de HBI (um produto intermediário entre o minério de ferro e o aço) com hidrogênio renovável como agente redutor. O acordo com a GEP é mais um passo importante nessa direção. “Esta é uma parceria ganha-ganha para o Brasil e a Europa”, diz Ludmila Nascimento, diretora de Energia e Descarbonização da Vale. “Estamos aproveitando as vantagens competitivas do Brasil, como minério de ferro de alta qualidade e energia renovável abundante, para potencialmente desenvolver o fornecimento de hidrogênio verde, o que permitirá a oferta de um HBI “verde” com alto valor agregado às siderúrgicas europeias. Ao mesmo tempo, induzimos a neoindustrialização do Brasil, baseada na economia de baixo carbono, e contribuímos para o combate às mudanças climáticas”.
De acordo com Bart Biebuyck, CEO da GEP, o acordo é um marco importante na jornada da empresa rumo ao ‘Net Zero’. “Temos orgulho de trabalhar com o maior produtor de pelotas de redução direta do mundo para ajudar a descarbonizar o setor siderúrgico. A colaboração entre nossas empresas tem como objetivo levar nossa tecnologia líder de hidrogênio verde para o núcleo dos setores de difícil abatimento, oferecendo uma plataforma altamente competitiva para a produção de aço verde na Europa e em todo o mundo”, comenta. “Juntos, estamos ansiosos para acelerar o setor de hidrogênio verde no Brasil”.
O setor de ferro e aço é responsável por aproximadamente 8% do total de emissões de carbono do mundo, principalmente devido ao uso de carvão em altos-fornos. As altas emissões de carbono do setor siderúrgico representam um grande desafio para os esforços globais de redução das emissões de gases de efeito estufa e para alcançar uma economia neutra em carbono até 2050.
Para cada tonelada de aço produzida em altos-fornos, cerca de duas toneladas de CO2 equivalente são liberadas na atmosfera. Em contraste, na rota de redução direta, o HBI produzido com hidrogênio verde como agente redutor, quando fornecido aos fornos elétricos a arco (EAFs), reduz as emissões de carbono para aproximadamente 0,4 tonelada de CO2 equivalente por tonelada de aço produzido, levando em conta todas as emissões ao longo da cadeia de valor. Esse processo resulta, portanto, em uma redução de 80% nas emissões, possibilitando a produção do “aço verde”.
A Vale e a GEP, que é apoiada pelo programa Global Gateway da Europa, também irão colaborar em vários aspectos da cadeia de valor do hidrogênio, como a implantação de eletrolisadores, o desenho de plantas industriais para hidrogênio verde e seus derivados, bem como outras aplicações industriais de descarbonização do hidrogênio renovável.
Para reduzir os custos, a GEP implementará tecnologias de eletrolisadores de última geração em uma plataforma de produção padronizada. A planta integrada de produção de hidrogênio da Green Energy Park apresenta alguns dos mais avançados projetos de engenharia de processos, incluindo instalações de armazenamento e manuseio de hidrogênio e seus derivados. Dessa forma, a GEP contribui com uma profunda experiência em engenharia e EPC (engenharia, suprimentos e construção) no campo de manuseio e armazenamento de gás criogênico em escala mundial, combinada com infraestrutura dedicada e recursos de construção industrial.