Sustentabilidade na indústria do aço: caminhos para a descarbonização

30/09/2022
Artigo por Alejandro Wagner *

 

Uma das principais matérias-primas do mundo, o aço está mais presente na vida do ser humano do que se pensa. Hoje a cadeia de valor do setor siderúrgico na América Latina gera 1,3 milhão de empregos e é um importante indicador do desenvolvimento econômico de diversas regiões. Mas a indústria enfrenta um desafio muito importante: como promover a sustentabilidade?

Atualmente, 80% dos Gases de Efeito Estufa (GEE) são provenientes da emissão de Dióxido de Carbono (CO2) e, desse total, entre 7% e 9% são originários da siderurgia mundial. Embora a América Latina não ultrapasse 2,8% das emissões do setor, a região será uma das mais afetadas pelas mudanças climáticas. Portanto, uma das principais ações para mitigar o aquecimento global cada vez mais acelerado e promover um desenvolvimento econômico mais sustentável é avançar para um processo de descarbonização. 

A América Latina tem uma vantagem: temos uma das produções de aço mais eficientes e sustentáveis do mundo. Para cada tonelada de aço produzida, as empresas latino-americanas emitem 1,6t CO, valor inferior à média mundial de 1,8 toneladas, segundo a worldsteel. Por sua vez, a China, maior produtor mundial da matéria-prima, emite 2,1t CO, 31% a mais que a América Latina. Além disso, a região latino-americana possui condições naturais muito mais favoráveis para o uso e o desenvolvimento de energias sustentáveis.

Pensando nesse contexto, fica a dúvida: como gerar fontes de energia mais sustentáveis? Como descarbonizar a indústria do aço e caminhar para um futuro mais renovável? Pensando nessas duas questões, é preciso falar de três pontos importantes para se investir em médio e longo prazo: (1) aumentar o uso da sucata, (2) energias renováveis e (3) gás natural. 

O aço é um material 100% reciclável, que pode ser usado e reusado diversas vezes, voltando como sucata. Maximizar o uso desse resíduo permite uma reciclagem maior do aço, tendo em vista que o processo terá zero pegada de carbono. A sucata, apesar de ser ótima no quesito da emissão de carbono, possui três etapas que não são tão simples de realizar: reconexão, separação do resíduo e a comercialização. Todas elas possuem custos variados e precisam de recursos e desenvolvimentos específicos para serem realizadas. Por isso, a maximização do uso da sucata é um projeto difícil de ser implementado (e precisa ser pensado em longo prazo).

Além disso, é preciso investir nas energias renováveis, mas também no gás natural, que possui muito mais desenvolvimento e aplicação e pode servir como um combustível de transição, já que os países ainda não possuem todos os recursos necessários para o uso e a produção de energias renováveis. Portanto, o gás natural fica como um meio termo entre o carvão vegetal e as energias renováveis, sendo uma alternativa mais viável para o atual estágio de desenvolvimento dos países.

A defesa comercial como fator para a descarbonização

Apesar de existirem opções para uma transição energética, ainda falta desenvolvimento de diversas partes envolvidas no processo. 

Nesse meio, os países, principalmente os da região da América Latina, precisam seguir o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, isto é, entender que todos têm um objetivo em comum, mas possuem realidades diferentes para alcançá-lo.

Toda a cadeia, desde os produtores até os fornecedores e os compradores do aço, precisa estar alinhada e pensar em estratégias para caminhar juntos para a descarbonização.


* Alejandro Wagner é 
Diretor executivo da Alacero, Associação Latinoamericana de Aço.

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