Setor preocupado com segurança alimentar

19/09/2022
O setor brasileiro recebeu investimentos de U$ 6,5 milhões em ativos de produção nos últimos anos, tem 20 operações em 10 estados.

 

Na Exposibram ocorreu um painel que tratou dos gargalos e perspectivas do setor de fertilizantes, com ênfase na importância da manutenção das recentes políticas públicas que criam um campo nivelado para a produção nacional e a importação. “Nos últimos 25 anos, vimos uma deterioração da produção nacional em relação à importação por uma série de motivos, dentre eles as políticas públicas que incentivam a importação, mesmo tendo dentro de casa empresas que têm total capacidade de transformar as riquezas nacionais em fertilizantes e desenvolvimento para o país, colocando em vantagem nossos competidores internacionais”, destacou Bernardo Silva, diretor-executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Matérias-Primas para Fertilizantes – Sinprifert.

O setor brasileiro recebeu investimentos de U$ 6,5 milhões em ativos de produção nos últimos anos, tem 20 operações em 10 estados e é o quinto maior segmento da indústria de mineração e o quarto maior da indústria química, responsável por 30 mil empregos. O vice-presidente de Relações Públicas, Sustentabilidade, Estratégia e Desenvolvimento de Negócios da Mosaic Fertilizantes, Arthur Liacre, disse que os números mostram que a indústria tem potencial para crescer, uma vez que a produção nacional representa apenas 10% do que é consumido. Atualmente, o agronegócio depende da importação de fertilizantes, já que o Brasil é o maior importador mundial de fertilizantes e responsável apenas por 2% da produção global. “Em 2050, o mundo terá 10 bilhões de pessoas e a produção de alimentos terá mais que dobrar. Existe uma demanda maior por alimentos, que força a demanda por fertilizantes, o preço sobe e mais pessoas não têm como comer”, alertou David Crispim, diretor de operações da EuroChem Salitre

O diretor do Sinprifert comentou que os fertilizantes são importantes por garantir a segurança alimentar e nacional. “Os fertilizantes, apesar de serem commodities globais, têm a exploração concentrada em reserva mineral e não são todos os países que têm esse privilégio. O Brasil tem bastante recurso para isso e precisamos explorá-lo para ter soberania nacional, já que os fertilizantes têm sido usados nestas disputas geopolíticas”, alertou Silva.

E o problema com fertilizantes não apareceu agora com o conflito na Ucrânia, mas há tempos. Em 1996, o Brasil produzia mais que importava, bem diferente do cenário atual, onde a dependência externa é de 90%.  O Plano Nacional de Fertilizantes, lançado pelo Governo Federal em março, é ponto de partida para a retomada do mercado nacional, com ações e metas claras até 2025. “Atualmente, para se levar fertilizante de um estado a outro, o produtor paga de 8,4% e 4,9% de ICMS. Se trouxer da China, a alíquota é zero”, diz Silva. O Plano prevê a equalização escalonada e a isonomia tributária passa a vigorar a partir de 2025, criando um campo de jogo nivelado. “Não queremos subsídios, apenas um jogo justo. Por isso a necessidade da Política ser mantida e seguida à risca nos próximos anos, caso contrário, vamos continuar com medidas paliativas, protelando a solução para a independência do Brasil em relação aos fertilizantes”, completa.

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