Holanda compartilha expertise de diques e barragens

07/11/2024
Os diques de fecho, como são conhecidos, permitiram que o país ganhasse mais de um 1/3 de área de cerca de 42 mil km2, gerando condições para o desenvolvimento da agricultura

 

Em 1920, a Holanda começou a implantar a barreira principal chamada Afsluitdijk, com 32 km de extensão, 90 metros de largura e 7,25 metros acima do mar, que liga a Holanda do Norte à Província de Frísia, indo até o fundo do Mar do Norte. Estima-se que 23 milhões de m³ de areia tenham sido utilizadas. Durante a execução, de quatro a cinco mil operários trabalharam nas obras. A estrutura foi oficialmente inaugurada em 1933. Segundo Hans Blankenburgh, representante-chefe do NBSO (Escritório Holandês de Apoio aos Negócios, com sede em Belo Horizonte), os diques são um orgulho nacional. “Mostramos a nós mesmos que poderíamos executar tal empreitada. Para isso, precisamos aprender e nos aperfeiçoar em gestão de diques e barragens. É algo que muda continuamente e que precisamos estar muito atentos, pois envolve a vida de milhões de holandeses”, explica.

Os diques de fecho, como são conhecidos, permitiram que o país ganhasse mais de um 1/3 de área de cerca de 42 mil km2, gerando condições para o desenvolvimento da agricultura, em um primeiro momento, nessas novas porções de terras. Por sua posição geográfica, com um terço de suas áreas abaixo do nível do mar e metade com no máximo um metro acima deste nível, a Holanda precisou, ao longo de sua história, desenvolver tecnologias em barragens e diques de contenção. Tal expertise está sendo exportada para o Brasil desde 2021, quando o governo dos Países Baixos tomou a decisão de financiar um grupo de empresas especializadas em diversas disciplinas de gestão de barragens para que pudessem demonstrar, no Brasil, as opções que existem na Holanda. Nascia ali o DTTD (Dutch Technical Team for Dam Safety ou Equipe Técnica Holandesa para a Segurança de Barragens).

O DTTD é uma iniciativa público-privada liderada pelo governo dos Países Baixos, composta por agentes holandeses especializados em barragens, tecnologia para contenção e tratamento de rejeitos de mineração. Composta por oito empresas que colaboram em consórcio ou cluster, o DTTD visa compartilhar sua experiência no Brasil. Em parceria com empresas brasileiras, a iniciativa procura desenvolver soluções sustentáveis no setor minerário, reconhecido como crucial para a sociedade. O trabalho vem dando resultados. Já há parcerias entre o DTTD e grandes companhias de mineração no Brasil. “Sabemos que, para ganhar mercado, precisamos oferecer soluções completas para os nossos clientes, tecnicamente diferenciadas, mas também economicamente vantajosas”, explica Jean – Philippe Esteves, coordenador do cluster. “O governo holandês entendeu que ele poderia ter um papel nas negociações e os subsídios são muito interessantes na hora de realizar estudos preliminares necessários à implementação de uma tecnologia nova”.

A Holanda mantém seis grandes construções para conter tempestades marítimas, entre elas a Oosterscheldekering e Maeslantkering, localizadas na ligação entre as ilhas as Schouwen-Duiveland e Noord-Beveland, na região sul. São 17 mil km destas estruturas, espalhadas em todas as regiões, que tem resguardado cidades e patrimônios de enchentes e outras intempéries.

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