TERRAS RARAS
Brasil terá dois novos projetos de óxidos
Nos próximos anos, dois novos projetos para produção de terras raras devem entrar em operação no País, conforme apresentações feitas pelas empresas no IV Seminário Brasileiro de Terras Raras, promovido pelo IPT e Escola Politécnica da USP em São Paulo, nos dias 17 e 18 de outubro.
A Mineração Terras Raras S.A., de capital nacional, planeja colocar em operação o Projeto Morro do Ferro, que prevê a implantação de uma mina a céu aberto e instalações de processamento para produção de óxidos de terras raras no município de Poços de Caldas (MG), onde tem uma jazida com 3,5 milhões de toneladas de minério com teor médio de 3,9% de óxidos de terras raras (Prazeodímio, Neodímio, Disprósio e Európio), o que equivale a 138.500 t de óxidos.
Segundo Elmer Prata Salomão, diretor da empresa, ela possui direitos minerários em uma área de 300 hectares, conhecida desde 1934 e que foi explorada para urânio, tório e terras raras entre 1956 e 1981. Para melhor conhecimento do potencial geológico, já foram realizados 5 mil metros de perfuração.
O diretor explica que, por não ter cobertura de estéril, a jazida possibilita a implantação de uma mina a céu aberto com desmonte mecânico, sem a necessidade do uso de explosivos. Um dos pontos positivos do depósito é o baixo teor de radioatividade, geralmente um complicador na lavra das terras raras. O minério do Morro do Ferro tem apenas 0,5% de tório e menos de 55 ppm (partes por milhão) de urânio.
A Mineração Terras Raras enviou amostras do minério para a SGS no Canadá, que realizou estudos de beneficiamento e hidrometalurgia para determinar o fluxograma, tendo sido definida a viabilidade de um processo envolvendo cura ácida, lixiviação, tratamento com cálcio e magnésio e com taxa de recuperação acima de 80%.
Atualmente está em andamento o projeto conceitual da mina, o estudo do escopo do projeto, o licenciamento ambiental e o planejamento de uma planta piloto para testar o processo.
O valor atual dos óxidos a serem produzidos em Morro do Ferro está entre US$ 12,80 e US$ 13,00 o quilograma.
Mineração Serra Verde
O segundo empreendimento, que já está mais adiantado, é o da Mineração Serra Verde que, se tudo correr conforme o planejado, em 2019 ou 2020 deverá estar colocando em operação o seu projeto de Terras Raras em Minaçu (GO), um empreendimento que exigirá, na implantação de sua primeira fase, um investimento da ordem de US$ 170 milhões, segundo o CEO da empresa, Luciano Freitas Borges, que também apresentou o projeto no IV Seminário Brasileiro de Terras Raras. Até agora o grupo que controla a Serra Verde, a Mining Ventures Brasil, já investiu na empresa em torno de US$ 60 milhões de um total de US$ 120 milhões investidos em atividades de exploração mineral no País.
Atualmente a empresa já obteve a LP (Licença Prévia) e se prepara para dar início aos trabalhos de engenharia e obtenção da LI (Licença de Instalação). Como parte dos requisitos para obtenção da LP, a Serra Verde realizou uma audiência pública, no primeiro semestre de 2017, na qual foi surpreendida pelo grande número de pessoas interessadas em saber mais detalhes do empreendimento. Segundo Luciano Borges, a empresa preparou-se para atender a cerca de mil pessoas na audiência e apareceram três a quatro vezes mais do que o previsto.
A Serra Verde Pesquisa e Mineração Ltda. (MSV), é uma empresa que surgiu de um projeto iniciado pela Mining Ventures Brasil, uma companhia controlada pela Denham Capital Management LP, que é especializada no desenvolvimento de projetos de exploração de recursos naturais, com participação minoritária da Arsago Mining Capital (BVI) Ltda., uma grupo suíço com foco em empreendimentos no Brasil.
“Nosso depósito mineral, provavelmente o maior depósito de terras raras em argilas iônicas do Hemisfério Ocidental, está localizado norte do Estado de e Goiás, em áreas dos Municípios de Minaçu (a maior parte), Trombas e Montividiu do Norte. Nosso objetivo é nos tornarmos uma referência internacional de fornecimento de Terras Raras de alta qualidade e produzidas com respeito ao meio ambiente, visando ao atendimento da crescente demanda global por esses metais e à busca de alternativas de fornecimento fora da China, que hoje controla a oferta de terras raras ao mercado global, de forma quase monopolística”, disse Luciano Borges.
O depósito da Serra Verde possui recursos de 911 milhões de toneladas, com 0,12% de óxidos de terras raras, principalmente Prazeodímio, Neodímio e Térbio. Um estudo de pré-viabilidade, concluído em 2014, apresentou reservas de 350 milhões de toneladas de minério com 0,15% de óxidos de terras raras, permitindo uma vida útil da mina de 22 anos, com produção anual de 10 mil toneladas de elementos de terras raras contidos nos concentrados.