Melhor expectativa só em médio e longo prazo

27/07/2022
Segundo analista, os setores de mineração e siderurgia terão um cenário desafiador no curto prazo, por conta da economia chinesa.

 

Segundo o analista de equities da Toro Investimentos, Josias de Matos, os setores de mineração e siderurgia terão um cenário desafiador no curto prazo, por conta da economia chinesa. Nas últimas duas décadas, a China impulsionou o mercado mundial e, embora a meta de crescimento definida para o país tenha sido a menor em 25 anos, “apenas” 5,5% de aumento do PIB na comparação anual, o governo chinês terá extrema dificuldade em atingir este patamar. ”Além disso, dados do setor imobiliário chinês, que representa cerca de 30% do PIB do país e tem sido a principal fonte de demanda de commodities metálicas, como o minério de ferro, nas últimas décadas, apresenta sérios problemas”. 

O analista afirma que várias incorporadoras passam por problemas de liquidez, por conta do alto nível de alavancagem. Dados de alta frequência, como utilização de cimento e vendas de tratores, mostram que a situação ainda está longe de ter fim, e uma continuação do processo de desaceleração do setor e da economia chinesa como um todo, ainda é esperada. “Neste sentido, temos observado uma queda relevante nos preços do minério de ferro, que já devolveu toda a alta do ano e passa a cair em relação a 2021”. A performance da VALE3 tem acompanhado esse cenário de baixa com relação à commodity, e já cai mais de 11% em 2022. “Não é a toa que a própria Vale reduziu suas projeções em relação à sua produção este ano, que deve ficar entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas (a anterior estava entre 320 a 335 milhões)”. 

Quando analisados os múltiplos, a Vale negocia em patamar atrativo, além de ter vantagens comparativas relevantes e produza um minério com prêmio de qualidade sobre as concorrentes, mas no cenário de curto prazo deve encontrar dificuldade. “No médio e longo prazo, enxergamos a Vale como uma das principais oportunidades da bolsa brasileira, dadas as suas características e vantagens de produção, além de sua operação robusta e diversificada geograficamente”. Matos afirma que a normalização do cenário macroeconômico mundial, tanto com relação à expectativa de crescimento chinês, como em relação à uma possível recessão nos Estados Unidos e Europa, a cotação deverá retornar ao racional da tese e às variáveis microeconômicas que beneficiam a Vale.

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