Hydro transforma resíduos orgânicos em material nutritivo para solos estéreis
Mina de bauxita da Hydro, a Mineração Paragominas desenvolveu o Tecnossolo, iniciativa para a recuperação de áreas mineradas e que transforma resíduos orgânicos que seriam incinerados em material nutritivo para solos estéreis. “Trata-se de um importante passo para a Mineração Paragominas, um projeto que não só contribui para a redução de emissões geradas pela queima de resíduos como colabora para a economia circular e ainda traz ganhos econômicos. É uma alternativa sustentável, de baixo custo, que pode ser aplicada não só na cadeia de alumínio, como em outras operações industriais e na agricultura”, afirma Anderson Martins, vice-presidente de Operações de Mineração.
O Tecnossolo é uma alternativa sustentável que nasceu no Projeto IXOHA (Palavra em Tupi Guarani, que significa “vida” e condensa as iniciativas de melhorias da Gestão Ambiental da mina de bauxita), para a recuperação de áreas alteradas pela mineração, especialmente em locais com escassez de topsoil, a camada superficial do solo rica em nutrientes. A torta orgânica é mesclada com solo estéril, criando um substrato fértil, o Tecnossolo, que possibilita o restabelecimento da vegetação. Em 2021, a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) foi convidada para encontrar a melhor formulação de aplicação do Tecnossolo e o resultado desse estudo gerou uma dissertação de mestrado, conduzida por empregado da mina, que tem servido de referência para novos estudos nessa linha de pesquisa. Em 2024, a EMBRAPA se juntou ao projeto, analisando o material e oferecendo parecer técnico para sua aplicação. Agora em 2025, a Mineração Paragominas assinou um contrato com o SENAI, que realizará análises físicas, químicas e biológicas do Tecnossolo. Essas parcerias com as três instituições de pesquisas fortalecem ainda mais esse projeto inovador.
Atualmente, a Mineração Paragominas possui mais de 15 hectares que foram reflorestados com uso de Tecnossolo, volume ainda com potencial de crescimento à medida que as unidades aprimoram seus processos de gestão de resíduos. Além da recuperação de áreas mineradas, as instituições vão se beneficiar com a redução de emissões de gases de efeito estufa, a diminuição dos custos operacionais e dos custos com adubo ou outros insumos, além de gerar produção cientifica e contribuição para o conhecimento e a ciência.
No caso da Alunorte, todo resíduo que seria incinerado é utilizado na produção do Tecnossolo, o que além de evitar a emissão de duas toneladas por mês, diminui os custos da operação em cerca de cinco vezes — uma vez que agora os gastos para a empresa se resumem apenas ao transporte para Paragominas. “Cada etapa dessa jornada reforça nosso compromisso com a sustentabilidade e com a inovação, destacando o valor da colaboração entre equipes e unidades. Estamos apenas começando, e os frutos desse projeto certamente inspirarão novas iniciativas em prol do meio ambiente”, comenta Anderson. Além do Tecnossolo, a Mineração Paragominas demostra esse compromisso com projetos em diversas frentes. São exemplos iniciativas como o uso de caminhões elétricos e o método Tailings Dry Backfill, que permite a devolução dos rejeitos inertes de bauxita para áreas mineradas, evitando a criação de barragens.
O diferencial na produção da torta orgânica é o tempo que se leva para sua geração. A forma convencional de produzir adubo ou torta orgânica é a compostagem, que é um conjunto de técnicas para estimular a decomposição dos resíduos orgânicos, o que dura cerca de 90 dias e é feito em um ambiente controlado. Na Mineração Paragominas, isso leva 48 horas, pois as matérias são processadas por um equipamento adequado. Além de ser mais fácil de produzir, a inovação é fundamental, pois resolve o problema da aplicação de adubo em solos estéreis. “Por não terem agentes orgânicos (cargas negativas), os solos estéreis não retêm os fertilizantes (cargas positivas), ou seja, ficam indisponíveis para a vegetação, impedindo sua sobrevivência. No Tecnossolo, a torta orgânica realiza a função dos agentes orgânicos encontrados no topsoil, fixando os fertilizantes sem problemas e deixando-os disponíveis para a vegetação, já que o Tecnossolo aplicado traz uma concentração maior de matéria orgânica, suprindo a ausência nos solos estéreis”, afirma Vicente Sousa, Engenheiro Ambiental da Mineração Paragominas e Doutorando em produção de tecnossolo pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
O uso da torta orgânica ainda confere outros benefícios ao solo. Os pesquisadores observaram aumentos nos níveis de atividades biológicas positivas e na capacidade de retenção de nutrientes, e o enriquecimento de macro e micronutrientes. Tudo isso, além de reabilitar áreas, acelera o processo de desenvolvimento de vegetação. Sendo assim, o produto se mostra importante também para áreas com topsoil e áreas já reflorestadas, seja na mineração ou em qualquer outra operação. “Estamos buscando produzir tortas orgânicas que utilizem materiais de baixo valor agregado, como caroço de açaí e madeira em decomposição. Essa estratégia de economia circular visa complementar o produto que já temos, a fim de expandir a recuperação para mais hectares o mais rápido possível”, destaca Vicente.