China e chuvas derrubam produção no trimestre

27/04/2022
Faturamento alcançou R$ 56,2 bilhões, queda de 20%, enquanto a produção atingiu 200 milhões de t, 13% a menos que no mesmo trimestre do último ano.

 

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) divulgou o balanço do primeiro trimestre de 2022 do setor mineral. Na ocasião, o faturamento alcançou R$ 56,2 bilhões, queda de 20% na comparação com o mesmo trimestre de 2021, enquanto a produção atingiu 200 milhões de toneladas, 13% a menos que no mesmo trimestre do último ano. A arrecadação de CFEM caiu 25,5% no primeiro trimestre de 2022, somando R$ 1,5 bilhão e a arrecadação de impostos e tributos (afora CFEM) totalizaram R$ 1,4 bilhão, 20% inferior ao mesmo trimestre de 2021. 

O estado que registrou maior faturamento no primeiro trimestre de 2022 foi o Pará, com R$ 22,8 bilhões, 27% a menos que no mesmo trimestre de 2021, seguido por Minas Gerais (R$ 20,2 bilhões e recuo de 28%). Por outro lado, Goiás, Bahia e São Paulo registraram altas de 33% (R$ 2,4 bilhões), 8% (R$ 2,2 bilhões) e 33% (R$ 1,8 bilhão), enquanto Mato Grosso teve faturamento de R$ 1,4 bilhão e crescimento de 4% no trimestre. 

As exportações de minério totalizaram US$ 9,4 bilhões no primeiro trimestre de 2022, queda de 22,8% sobre o mesmo trimestre de 2021. Em volume, foram 75,7 milhões de toneladas de produtos minerais exportadas entre janeiro e março deste ano, 11% a menos que no mesmo período de 2021. Já as importações de minério somaram US$ 3,2 bilhões, crescimento de 119,9% em relação ao primeiro trimestre de 2021. 

De acordo com o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jugmann, entre os fatores que mais contribuíram para resultados inferiores da indústria mineral brasileira, estão: medidas de isolamento decretadas pela China em reação à pandemia COVID-19 em diversas cidades; queda na produção de minério de ferro, devido ao forte nível de chuvas em janeiro em Minas Gerais e desempenho abaixo do esperado em grandes unidades de produção no norte do país; manutenções em unidade produtivas; redução da demanda por minérios pelo governo chinês como medida de controle de preços e queda na produção de aço de várias siderúrgicas chinesas em resposta às medidas de controle de qualidade do ar durante as Olimpíadas de Inverno em fevereiro. Apesar da queda nos principais indicadores no primeiro trimestre de 2022, o saldo comercial mineral foi de US$ 6,2 bilhões e equivale a 52% do saldo Brasil (US$ 11,8 bilhões). 

Investimentos somam US$ 40,4 bilhões 

Os investimentos do setor mineral em cinco anos, de 2022 a 2026, são estimados em US$ 40,4 bilhões, sendo 46% já em execução. Desse total, US$ 4,2 bilhões serão investimentos socioambientais e US$ 36,2 bilhões em produção e em infraestrutura. Dentre os investimentos socioambientais, há aportes em projetos de preservação de áreas protegidas; aproveitamento de resíduos; processamento a seco e redução de dependência de barragens; redução no consumo de água; planos de descarbonização; geração de energia solar; autossuficiência energética de fontes renováveis.

O minério de ferro receberá os maiores aportes até 2026: US$ 13,6 bilhões, à frente de minérios de fertilizantes US$ 5,75 bilhões e de bauxita US$ 5,56 bilhões. “Os resultados do primeiro trimestre e os volumes expressivos de investimentos ajudam a compreender melhor a importância da indústria mineral para o desempenho econômico do Brasil. Mesmo quando há alguma queda nos resultados, as exportações de minérios geram divisas das quais o país não pode abrir mão. Daí ser muito conveniente ao país estimular a pesquisa mineral para que possa haver expansão planejada da mineração sustentável e, além disso, precisa haver a consciência de que essa indústria não pode estar exposta a seguidas tentativas de sangrar sua competitividade por meio da elevação de seus tributos e encargos, como se tem observado”, disse Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM, na apresentação dos dados setoriais.

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