Os desafios da disposição e gestão de rejeitos

15/09/2022
Os três palestrantes citaram as dificuldades das empresas para lidar com os rejeitos e quais as soluções a curto, médio e longo prazo.

 

O diretor do Conselho Internacional de Mineração e Metais, Aidan Davy; a engenheira geotécnica sênior da Alcoa, Mônica Moncada, e o diretor de Geotecnia da Vale, Rafael Bittar, participaram de um painel na Exposibram com moderação do gerente sênior de Gestão de Barragens da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, Marcos Antônio Lemos Júnior. Entre os principais assuntos, como lidar com a disposição e gestão dos rejeitos de mineração, principalmente após os acidentes com as barragens de Fundão, em Mariana (MG), e de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). 

Os três palestrantes citaram as dificuldades das empresas para lidar com os rejeitos e quais as soluções a curto, médio e longo prazo. Aidan Davy apresentou as principais diretrizes do Global Industry Standard on Tailings Management ou Padrão Global da Indústria para Gerenciamento de Rejeitos. É o primeiro padrão global de gerenciamento de rejeitos que pode ser aplicado às instalações de rejeitos existentes e futuras, e foi lançado em 2020, em decorrência da tragédia de Brumadinho. Já Mônica Moncada, da Alcoa, citou a aplicação do Global Standard como fundamental para que as empresas estejam constantemente planejando, colocando em prática e verificando as ações de segurança das barragens, mas abordou algumas dificuldades. "É preciso destacar que algumas das diretrizes do Global Standard são muito abertas à interpretação, e isso gera dificuldades na implementação. Acredito que são necessárias melhorias para que o documento seja mais prescritivo", pontuou.

Rafael Bittar destacou a preocupação da Vale com a reparação dos danos decorrentes do rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em 2019. "Gostaria de, publicamente, reconhecer o nosso respeito às vítimas e aos familiares afetados pelo acidente de Brumadinho. Vamos continuar trabalhando duro na reparação dos danos. É um compromisso da companhia, a qual jamais esquecerá o que aconteceu", disse. Na sequência, o diretor de Geotecnia da Vale ressaltou iniciativas aplicadas na empresa, com foco na gestão de rejeitos. “Antes mesmo da publicação do Padrão Global, a Vale começou a reforçar a governança, ao revistar e remodelar o sistema de gestão de barragens e rejeitos. Implementamos, ainda, centros de monitoramento geotécnico, revisamos processos-padrões e nos comprometemos publicamente a adotar o Global Standard". Bittar concluiu dizendo que a Vale adotou soluções de menor risco, como a filtragem dos rejeitos, o desenvolvimento de produtos baseados nesses resíduos e a descaracterização de barragens construídas com o método a montante.