Mercado de minério de ferro é abordado em painel

A descarbonização vai provocar grandes mudanças no mercado de minério de ferro, em termos de demanda e preços. Foi o que previu Arthur Bontempo Filho, analista de aço da Wood Mackenzie.

A descarbonização vai provocar grandes mudanças no mercado de minério de ferro, em termos de demanda e preços. Foi o que previu Arthur Bontempo Filho, analista de aço da Wood Mackenzie, no painel que discutiu as perspectivas de curto e longo prazo para o mercado de minério de ferro, durante a Exposibram 2024. Além dele participaram do painel a CEO da Anglo American no Brasil e presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Ana Sanches, o diretor-presidente da BAMIN, Eduardo Jorge Ledsham e o executivo da Porto Sudeste do Brasil e da Mineração Morro do Ipê, Jayme Nicolato Corrêa.

Para Artur Bontempo Filho, o mercado deverá não deverá crescer muito nos próximos anos, embora deva haver uma procura maior por minérios de alto teor. Por isso, a necessidade de um posicionamento estratégico diante dessa projeção. “É preciso se preparar”, destacou, recomendando que os produtores terão que atuar fortemente sobre os custos para continuar competitivos.

Jayme Nicolato Corrêa, por sua vez, abordou o crescimento da procura e da produção de minérios de alto teor com baixo nível de contaminantes e o desafio enfrentado por regiões como o Quadrilátero Ferrífero, que lida com teores médios ou baixos. “Esse cenário trará um grande impacto, especialmente para as pequenas empresas, mas o futuro deverá ser promissor. Temos projetos maravilhosos sendo desenvolvidos para a construção de ferrovias e outras infraestruturas. Precisamos pensar estrategicamente para chegar nas ferrovias, implementar filtragem, aumentar a frota de caminhões e melhorar nossa competitividade”, afirmou.

Ana Sanches citou a inovação e a excelência operacional para enfrentar esse desafio. “Em um cenário como esse, é de onde vem ainda mais forte a necessidade de inovação, desenvolvimento tecnológico e a excelência nos processos, porque são as pequenas diferenças somadas que vão abrir as portas para a nossa competitividade e para mantermos nosso papel tão relevante no mercado”, enfatizou.

Eduardo Jorge Ledsham, da BAMIN, por sua vez, falou sobre a estratégia da mineradora para incrementar a competitividade, destacando a qualidade e a logística integrada como fatores cruciais para que o Brasil se posicione como um fornecedor de alta qualidade. “A estratégia que adotamos é focada na qualidade, sempre buscando o menor custo. Estamos extremamente confiantes de que a demanda por qualidade só vai crescer”, argumentou.  “A qualidade, combinada com custo e uma logística integrada, vai posicionar o Brasil como um fornecedor de alto padrão”, complementou Ledsham.

Nicolato tratou do tema sustentabilidade e possíveis estratégias para a redução da “pegada” de carbono, por meio da exploração de fontes de energia renováveis, para que ocorra uma redução considerável das emissões.

Em seguida, Ana Sanches apresentou as iniciativas da Anglo American, que já conta com cinco navios em sua frota utilizando GNL (Gás Natural Liquefeito) como combustível. “Estudos apontam uma redução de até 35% nas emissões de gases de efeito estufa em comparação com navios convencionais”, concluiu.