SETOR MINERAL

Valor da produção cresce 95% no trimestre

23/04/2021

 

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o valor da produção mineral no primeiro trimestre de 2021 registrou um crescimento de 95%, alcançando R$ 70 bilhões, contra R$ 36 bilhões registrados em igual período do ao passado. Os principais fatores que contribuíram para o crescimento, segundo Wilson Brumer, presidente do Conselho Diretor do Ibram, foram a retomada do crescimento da China – que hoje é o principal importador de minérios, para onde o Brasil exporta cerca de 60% das suas vendas externas de minério de ferro e cujo PIB cresceu 18% no trimestre – o aumento expressivo de preços das commodities minerais e o câmbio. No período, o preço médio do minério de ferro alcançou US$ 166,88/tonelada, contra US$ 88,97 no primeiro trimestre de 2020. O cobre teve uma variação positiva de 50,5%, passando de US$ 5.632/t para US$ 8.478/t, o alumínio aumento teve aumento de 23,7%, evoluindo de US$ 1.690/t para US$ 2.091/t, enquanto o ouro subiu 13,6%, passando de 1.583/onça para US$ 1.798/onça. Quanto ao câmbio, no primeiro trimestre de 2021 a cotação média do real perante o dólar ficou em R$ 5,47/dólar, contra R$ 4,46/dólar no mesmo período do ano passado. 

O minério de ferro responde por 70% desse faturamento, o ouro por 11%, o cobre por 5% e a bauxita por 2%. O faturamento do minério de ferro aumentou 118% no período (passou de R$ 22,6 bilhões para R$ 49,1 bilhões), o ouro aumentou 85% (de R$ 4,0 bilhões para R$ 7,5 bilhões), o minério de cobre 67% (de R$ 2,3 bilhões para R$ 3,8 bilhões) e a bauxita 27% (R$ de 1,1 bilhão para R$ 1,4 bilhão). Em volume, a produção mineral comercializada estimada atingiu 227 milhões de toneladas, 15% a mais que as 198 milhões de toneladas do trimestre inicial de 2020. 

A liderança na produção mineral, em valor, ficou com o estado do Pará, que atingiu R$ 31,2 bilhões (crescimento de 94% em relação ao primeiro trimestre de 2020), seguido por Minas Gerais, que teve crescimento de 116% no faturamento (R$ 28,1 bilhões em 2021 contra R$ 12,9 bilhões em 2020). A Bahia colocou-se em terceiro lugar, com um aumento de 94% (R$ 2,1 bilhões em 2021 versus R$ 1,1 bilhão em 2020) e Goiás ocupou a quarta posição no período, com crescimento de 47% (R$ 1,8 bilhão em 2021 e R$ 1,2 bilhão nos três primeiros meses de 2020). 

As exportações minerais também tiveram crescimento expressivo de 73,74%, alcançando US$ 12,13 bilhões no período, contra US$ contra US$ 6,8 bilhões no mesmo período de 2020. As importações cresceram bem menos (14,42%), somando US$ 1,46 bilhão, em comparação aos com US$ 1,28 bilhão de 2020. Com o isso, o saldo da balança mineral teve um salto de 87,04%, chegando a US$ 10,67 bilhões (US$ 5,70 bilhões nos três primeiros meses de 2020). O saldo da balança mineral foi maior do que o saldo do Brasil, que ficou em US$ 7,91 bilhões. A liderança nas exportações continuou com o minério de ferro, cujo valor das exportações mais que dobrou no período (cresceu 102,1%), embora as exportações em volume tenham crescido apenas 16,6%. As exportações de cobre também tiveram forte aumento em valor (57%), assim como as de manganês (45%) e ouro (25,2%). 

Wilson Brumer acredita que, para este ano, as perspectivas de crescimento para o setor continuam favoráveis, com demanda e preços mantendo-se aquecidos, principalmente tendo em vista as projeções de crescimento na China e outros países asiáticos e de retomada da atividade econômica nos países europeus. Ele também acredita em manutenção dos preços elevados para o minério de ferro, pelo menos até 2022. A partir de então, sua opinião é que os preços, não apenas do minério de ferro, mas também de outras commodities minerais, tenderão a uma estabilização. 

CFEM e tributos 

De acordo com o presidente executivo do Ibram, Flávio Penido, a arrecadação de CFEM também mais do que dobrou no período (aumentou 102,9%), alcançando R$ 2,1 bilhões (R$ 1,0 bilhão no primeiro trimestre de 2020), com a liderança do Pará (R$ 1,012 bilhão), seguido por Minas Gerais (R$ 881 milhões) e Goiás (R$ 35 milhões). O minério de ferro, sozinho, respondeu por R$ 1,707 bilhão. Ainda conforme Penido, a arrecadação de outros tributos e taxas do setor cresceu também 101,5%, chegando a R$ 24,2 bilhões (R$ 12,0 bilhões no mesmo período de 2020). Já os empregos tiveram crescimento de 5%, atingindo um total de 186.610. 

Investimentos

Há um portfólio de 92 projetos aptos a receber investimentos de cerca de US$ 38 bilhões no período 2021/2025, conforme números divulgados pelo IBRAM. Segundo Flávio Penido, presidente executivo do Instituto, esses empreendimentos estão situados na área de influência regional de mais de 81 municípios, em vários estados, e vão contribuir para movimentar a economia em longo prazo, com promoção de negócios em extensas cadeias produtivas, geração de empregos e arrecadação tributária, entre outros benefícios socioeconômicos. “Este valor total leva em conta os investimentos que vão sendo realizados – e assim deixam de ser contabilizados nesta apuração – e a entrada de novos projetos, ressalva. 

Este número de projetos e respectivos investimentos, entre outros fatores, faz com que o setor mineral seja um dos principais segmentos a gerar contribuições positivas para sustentar indicadores econômicos no intervalo de 2021/2025, segundo o IBRAM. Os maiores aportes serão para mineração de ferro: US$ 15,4 bilhões ou 42% do total; bauxita: US$ 8,2 bilhões ou 22%; fertilizantes: US$ 6 bilhões ou 17%. A parcela deve aumentar ainda mais em relação aos investimentos previstos para o descomissionamento de barragens a montante e soluções tecnológicas para disposição a seco de rejeitos. Até o momento, os valores previstos são da ordem de US$ 2,2 bilhões para este fim – já incluídos nos US$ 38 bilhões informados para os investimentos totais do setor. O IBRAM ressalta que mineradoras têm anunciado ao longo dos últimos meses o descomissionamento de suas barragens a montante.