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Invest Mining faz primeira chamada de projetos

31/05/2022
O objetivo da rede é introduzir novos mecanismos de financiamento para a mineração à semelhança do que já existe em outros países.

 

A Invest Mining, rede de financiamento para o desenvolvimento e atração de investimento na mineração, lançou a primeira chamada para empresas interessadas em estabelecer contatos com investidores para seus projetos de mineração. O lançamento foi feito na manhã do dia 30 de maio, no auditório do BNDES e reuniu representantes do Banco, do Ministério de Minas e Energia, do Ibram, da ABPM, da Adimb (algumas das instituições que fazem parte da Rede), bem como executivos de fundos de investimentos e corretoras. O objetivo da rede Invest Mining é introduzir novos mecanismos de financiamento para a mineração à semelhança do que já existe em outros países, além de estimular a adoção de práticas de ESG em novos projetos do setor. Com a chamada, pretende-se consolidar uma carteira de empreendimentos naquilo que está sendo chamado de hub de projetos. 

Como explicou o coordenador do Invest Mining, Miguel Cedraz Nery, o edital lançado no dia 30 estará vigente de 1 de junho até 31 de julho. Nesse período, serão colhidas informações dos projetos que estão em fase de captação de recursos financeiros. E a partir das informações que estarão disponíveis na base, a Rede fará a aproximação com as instituições financeiras tentando viabilizar a parceria entre os empreendedores e os possíveis financiadores. O formulário para inscrição de projetos interessados em obter financiamento estará disponível no site do Invest Mining (www.investmining.com.br). 

Fazem parte da rede Invest Mining diversas organizações: bancos; fundos; gestores de ativos e bolsas; IBRAM; ABPM; Conselho Temático de Mineração (COMIN) da Confederação Nacional da Indústria (CNI); ADIMB; Câmara de Comércio Brasil-Canadá (BCCC, sigla em inglês); BNDES, Agência Nacional de Mineração (ANM), Ministério de Minas e Energia via Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (MME/SGM).

Para o secretário de Geologia, Mineração e Treansformação Mineral do MME, Pedro Paulo Dias Mesquita, o financiamento à mineração no Brasil está em transformação, citando como exemplo a possibilidade de que o empresário possa dar título de lavra como garantia nos financiamentos e prometeu, ainda para o mês de junho, novas mudanças, incluindo a possibilidade de que outros títulos minerários, além da concessão de lavra, possam ser dados em garantia. Ele disse, também, que o risco na mineração é financiado de forma compartilhada e a Rede tem um papel muito importante nesse sentido. 

Raul Jungmann, diretor-presidente do Ibram, disse que a união entre setor privado, setor público e investidores em mineração é muito benvinda, salientando que se os grandes players já contam com suas próprias fontes de financiamento, a maior parte das empresas que atuam no setor não tem. Ele elogiou a possibilidade de se dar o direito minerário como garantia, mas lamentou que o Brasil ainda tenha somente 27% do seu território mapeado na escala 1:250.000 e só 3% na escala 1:50.000. 

Bruno Aranha, Diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES, afirmou que a instituição já te um histórico de R$ 28,7 bilhões de financiamento a projetos de mineração e que poderá oferecer, como parte da rede Invest Mining, várias modalidades de financiamento, como Opções, Fundos Garantidores, Project Finance, Blended Finance (reembolsáveis ou não) e que todos são acessíveis a empreendedores de pequeno, médio e grande porte. 

Marcos André Gonçalves, presidente do conselho da Adimb, disse que a iniciativa vem coroar um esforço que está sendo desenvolvido desde 2010 e que a mesma abre novas perspectivas para o setor mineral brasileiro.  

Luís Maurício Azevedo, presidente da ABPM, comentou que apesar da força da mineração brasileira, o setor conta com apenas cinco empresas com valuation acima de 1 bilhão de dólares na bolsa brasileira, o que marca uma grande desigualdade na mineração. Eliminar essa desigualdade é um dos objetivos da Rede, segundo ele. 

Flávio Moraes da Mota - Chefe do Departamento de Indústria de Base e Extrativa do BNDES, disse que o hub de projetos trará ganhos para que os agentes financeiros possam entender e ver melhor como viabilizar os projetos de mineração, salientando que o BNDES apoia projetos que tenham o menor impacto possível ao meio ambiente.  

Daniel Renner, da XP Investimentos, disse que o setor financeiro sabe que existe muito potencial para desenvolver no setor de mineração e que a iniciativa de lançar uma carteira de projetos é fundamental para sair do plano teórico e ir para o plano objetivo. Ele explicou que atualmente a XP tem quase R$ 1 trilhão em custódia na sua base e uma parte importante disso é do mercado de capitais, lembrando que a instituição participou dos IPOs da Aura Minerals e CSN Mineração. O representante da XP também salientou que os empreendedores precisam ter muito cuidado coma questão socioambiental, porque isto está no radar dos investidores. E que é preciso transformar o ESG em oportunidades. 

Eduardo Cardoso, representante da Ore Investment, primeira gestora brasileira de fundos exclusivos para mineração, que até agora já captou R$ 300 milhões, afirmou que a plataforma é um gatilho para desenvolver a mineração brasileira. 

Já Felipe Holzhacker Alves, da Frontera Minerals, disse que é importante ter a presença da B3 na Rede e que avanços como a criação das normas brasileiras para quantificação e qualificação de recursos e reservas permite ao investidor ter qualidade da informação e maior previsibilidade do risco. Ele chamou a atenção para o desafio de se conseguir multiplicar o fluxo de caixa dos empreendimentos, como acontece em países como Austrália e Canadá. O que é necessário, acrescentou, é que haja conhecimento dos investidores, organização dos tomadores, estabilidade e previsibilidade da regulação no setor. 

Para Frederico Beldrán, diretor de Geologia e Produção Mineral do MME, o lançamento da plataforma inicia o caminho para trazer o setor financeiro para a mineração, salientando que cada empresa precisa de um bom geólogo e um bom CFO. Ele lembrou que há um universo muito interessante que o mercado financeiro precisa olhar, além do minério de ferro, cobre, zinco, fertilizantes, informando que anualmente 600 novas portarias de lavra são publicadas e somente 5% são de grandes projetos. O restante é rocha ornamental, água mineral, agregado, calcário para corretivo, projetos de 15 a 25 milhões de reais. Porém, isso totaliza mais 2 bilhões de reais a ser olhado. Somando-se mais R$ 1 bilhão em pesquisa mineral, o montante sobe para R$ 3 bilhões. Em sua opinião, são projetos que dão nova cara ao setor mineral brasileiro.