Qual das duas commodities terá um futuro mais promissor no futuro próximo: o ouro ou o cobre? Este foi um dos pontos centrais das discussões durante o primeiro dia do PDAC 2025, que se iniciou neste domingo, 2 de março, em Toronto, Canadá.
O tema foi debatido por quatro especialistas dirigentes de empresas ou analistas de instituições que estudam o mercado de commodities, em painel com mediação de
Gracelin Baskaran e que contou com a participação de Frank Nikolic, (do CRU), Jason Attew (Osisko Gold Royalties), David Strang, da Ero Copper, e Lawson Winder (Bank Of American Securities).
Iniciando o debate sobre o futuro do cobre, Frank Nikolic disse que o mercado do metal começou a mudar a partir dos anos 1990, quando houve a abertura da economia em escala global, gerando uma a exposição massiva aos computadores pessoais, o boom da Internet, o milagre da China (como ele chama a grande urbanização pela qual os chineses passaram) e, finalmente, a descarbonização, principalmente nos últimos seis anos. “O que essa intensidade de uso crescente significa é que se está, na verdade, amplificando o crescimento do mercado do cobre. É isso que temos visto nos últimos tempos”.
Para Nikolic, “embora nos últimos cinco anos o mercado tenha se desenvolvido com foco na China, os próximos cinco serão metade China e metade sobre todas as outras coisas, principalmente em torno da descarbonização e do investimento em energias renováveis e veículos eléctricos”.
Para o analista do CRU, independentemente do cenário vislumbra-se um déficit no suprimento de cobre. Estima-se que algo em torno de 6 a 8 milhões de toneladas de cobre novo terá de ser colocado no mercado nos próximos 10 anos. A questão é que será muito mais caro produzir esse cobre do que foi no passado, tanto em termos de projetos greenfield quanto de brownfield. O custo de exploração destes ativos também deve aumentar, à medida que a qualidade dos depósitos existentes está piorando”. Ele lembra que, nos próximos 10 anos, precisarão ser investidos mais de US$ 100 bilhões na indústria, apenas para acompanhar a demanda.
Falando sobre o ouro, Lawson Winder, do BOfA, lembrou que hoje os EUA têm 36,5 trilhões de dólares de dívida do governo federal, contra um PIB de 29,1 trilhões, o que dá uma relação dívida/PIB de 125%, o nível mais alto desde o final da Segunda Guerra Mundial. Esta relação tem aumentado de forma constante desde o início da pandemia, em 2020, quando a dívida do governo federal era de aproximadamente 20 trilhões e o PIB era de 21 bilhões. “Assim, desde a pandemia, a dívida do governo federal aumentou 80%, enquanto o PIB subiu 38%”.
Portanto, a solução óbvia para o problema é imprimir mais dinheiro, o que levará à desvalorização do dólar americano. “Além disso, todos sabem que a força do dólar americano tem uma correlação inversa com o preço do ouro em termos reais. Dado o que aconteceu no passado, estamos caminhando para uma recessão nos EUA”, diz ele.
Voltando ao cobre, David Strang, da Ero Copper, disse que para tender ao crescimento da economia o mundo precisará encontrar mais cobre. “Há apenas duas coisas que afetarão isso. Uma é a tecnologia e a outra é que o preço do metal precisa subir. Porque não podemos continuar suprindo os países que estão crescendo rapidamente se os níveis de preços do cobre continuarem onde estão hoje”, disse Strang.