Credores rejeitam proposta da Samarco

16/07/2021
Para os credores, a Vale e a BHP deveriam receber somente depois que todos os credores recuperassem o seu dinheiro.

 

Os credores da Samarco negaram proposta de recuperação judicial apresentada pela companhia em meados de junho. No documento, os credores alegam que o principal objetivo da proposta é proteger as gigantes da mineração, controladoras da Samarco – BHP Billiton e Vale, além de reduzir os pagamentos futuros aos detentores de títulos e credores.

A decisão rejeita oferta da Samarco de um desconto de 85% no valor a ser pago aos credores da companhia, incluindo os acionistas Vale e BHP, que têm R$ 24 bilhões a receber da joint venture. Os pagamentos ocorreriam em 2041. 

Para os credores, a Vale e a BHP deveriam receber somente depois que todos os credores recuperassem o seu dinheiro. Outra alternativa proposta pela Samarco permitiria que credores recebessem ações preferenciais da mineradora como pagamento, mas também foi recusada pelos credores. "É inaceitável que um plano de recuperação judicial de uma empresa controlada pelas maiores mineradoras do mundo preveja simplesmente uma verdadeira (e ilegal) anistia do devedor para criar valor para suas multibilionárias acionistas que são, aliás, solidariamente responsáveis pelo maior desastre ambiental do Brasil", disseram credores no documento judicial.

Os credores defendem que a Samarco, a Vale e a BHP paguem em três partes iguais por todos os danos causados pelo rompimento da barragem do Fundão, disseram em entrevista os advogados dos credores, Paulo Padis e Marcos Pitanga. A Samarco se comprometeu com todos os pagamentos para reparar os danos.

O Plano de Recuperação Judicial da Samarco previa permitir que a empresa mantivesse as suas atividades de produção. Os termos de reestruturação foram adequados e apresentaram a melhor solução que permite à Samarco continuar operando, contribuindo para a economia local de Minas Gerais e do Espírito Santo e financiando o trabalho de remediação e reparação da Fundação Renova.

A Samarco reforçou que a Recuperação Judicial não terá impacto nas ações de reparação previstas no Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) que estão sendo desenvolvidas pela Fundação Renova.