Ação já chega a quase 400 milhões de euros

25/01/2022
Na última semana de janeiro, o Tribunal Regional Superior de Munique permitiu a entrada de mais de 1.100 atingidos como autores no processo.

 

Às vésperas de completas três anos do acidente da barragem de Brumadinho (MG), os advogados que representam os atingidos afirmam que o valor das reivindicações apresentadas contra a TÜV SÜD já atingiu o patamar de mais de 400 milhões de euros. Na última semana de janeiro, o Tribunal Regional Superior de Munique permitiu a entrada de mais de 1.100 atingidos como autores no processo – aumentando significativamente o valor da causa contra a TÜV SÜD.

O rompimento da barragem em 25 de janeiro de 2019 liberou cerca de 12 milhões de m³ de lama de minério tóxica, que invadiu os escritórios da operação de mineração e se espalhou sobre as comunidades locais e os sistemas hídricos. O desastre socioambiental de Brumadinho é o maior na história do Brasil. O escritório de advocacia global PGMBM, que representa as vítimas, está propondo uma ação contra a empresa alemã de serviços TÜV SÜD, que certificou a segurança da barragem, certificação esta que não atendeu aos padrões mínimos de segurança.

O caso do PGMBM foi proposto perante o Tribunal Distrital de Munique I, domicílio legal da TÜV SÜD na Alemanha, em outubro de 2019, em nome do Município de Brumadinho e da família de uma das vítimas, e agora foi expandido para incluir todos os atingidos como autores. Os atingidos buscam reparação aos danos provocados pelo rompimento da barragem e uma decisão declaratória de que a TÜV SÜD é obrigada a reparar todos os danos adicionais relacionados ao desastre – elevando a ação ao patamar de 400 milhões de euros.

Pedro Martins, sócio fundador do PGMBM, representante dos autores, afirma: "Somos gratos à Corte por agora permitir a inclusão no processo das outras 1.100 vítimas que representamos". "Continuamos a ter plena confiança em nosso caso e acreditamos que a TÜV SÜD, na qualidade de empresa cujo papel é certificar a segurança deste tipo de atividade empresarial, será declarada como responsável pelas 270 mortes e pela destruição de famílias, meios de subsistência, comunidades e do meio ambiente". "Estamos ansiosos para, em 2022, darmos mais um passo em direção a fazer justiça para os nossos clientes"

O julgamento do caso foi adiado para o dia 01º de fevereiro, uma vez que a Corte acolheu o pedido de inclusão dos demais atingidos como autores e intimou as partes para apresentarem explicações adicionais sobre dúvidas e questionamentos remanescentes. "Documentos demonstram que a barragem não estava de acordo com as normas mínimas de segurança em duas de quatro categorias. É difícil entender como a TÜV SÜD poderia desconsiderar esses indicativos. Eles sabiam que os trabalhadores continuariam a trabalhar na mina e que o povo de Brumadinho continuaria a viver seu dia a dia embaixo da barragem e no caminho de uma avalanche de lama tóxica".