O céu da China voltou a ser azul

24/05/2023
Coluna de Paulo Castellari-Porchia

 

Acredito não ser novidade que carrego comigo o compromisso de atuar, cada vez mais, como um agente responsável pela transição para uma economia net-zero - afinal, este foi o tema da minha primeira publicação na Coluna do PCP. Nela, citei sobre o nosso compromisso, especialmente como setor, em agir em prol do compromisso de manter o aquecimento global abaixo de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.

Decidi trazer esse tema novamente porque vi, nos últimos dias, uma matéria sobre como o céu da China ‘voltou a ser azul’ – e isso me trouxe algumas reflexões que devem ser compartilhadas. Sabemos que o país é mundialmente conhecido pela poluição do ar decorrente de seu avanço industrial e essa é a principal causa da diminuição de expectativa de vida da sua população nas últimas décadas. Também é certo que a China ainda é o maior emissor de CO2 do planeta, tendo sido responsável por mais de 30% das emissões globais nos últimos anos. Porém, a matéria mostrava os esforços recentes da grande potência e apresentava dados que me trouxeram uma dose extra de otimismo.

O país reduziu a utilização de carvão como fonte de energia, fechou usinas existentes e cancelou a construção de tantas outras. E, claro, está aumentando os investimentos em energias renováveis e adotando frotas elétricas para o transporte público. O impacto disso já é visível e percebido pela população: a densa camada de nuvens se reduziu e o céu está cada dia mais azul.

E as boas notícias não param por aí – também tivemos, nos últimos meses, a decisão da União Europeia de proibir a venda de novos carros a gasolina e a diesel a partir de 2035. Esse movimento vai acontecer gradualmente, dado que as empresas já terão que cortar 55% das emissões de CO2 dos novos carros vendidos a partir de 2030.

Se antes o Acordo de Paris me parecia tão distante, ao ver esses exemplos me torno mais esperançoso de que é possível colher resultados positivos a partir da aplicação de novas legislações, incentivos governamentais e investimentos em inovação e soluções criativas.

Sabemos que o tema da sustentabilidade é cada vez mais relevante, e já está na hora de encararmos este movimento como uma fonte de oportunidades de negócio e de desenvolvimento de novos mercados – desenvolvimento este que acaba, de uma forma ou de outra, beneficiando nossa indústria e, como consequência, todas as outras na cadeia de valor expandida.

Esses movimentos que observamos na China são um caminho sem volta. Já por aqui, segundo um estudo recente do Think Tank EMBER (especializado em questões ligadas a energia limpa), o Brasil, dentro do G20, é o país que detém o mais alto nível de energia limpa dentro de sua matriz, sendo que apenas 11% vêm de combustíveis fosseis e 7% de gás natural. Isso me faz pensar no que nós estamos fazendo para alavancar essa vantagem competitiva tão relevante no momento que vivemos.

É por isso que, mais do que nunca, cabe a nós, enquanto setor mineral, repensar a nossa cadeia de suprimentos, investir em economia circular e em novas tecnologias para descarbonizar nossas operações e transformar a nossa realidade em direção a uma economia net-zero.

E você, está pronto para dedicar os seus esforços para esta transição?

Direto da Fonte