Dois processos para melhorar lixiviação de ouro

28/12/2022
O processo de lixiviação tem a capacidade de oxidar e dissolver o ouro e, desta forma, produzir um sal solúvel à base do metal.

 

A Jaguar Mining investiu em dois sistemas de lixiviação de ouro para utilizar em sua unidade RG, em Caeté (MG). O primeiro sistema reduz o consumo de cianeto de sódio durante o processo de beneficiamento e o teor de ouro descartado junto com o rejeito, enquanto o segundo usa um procedimento ligado ao concentrado gravítico. 

O processo de lixiviação tem a capacidade de oxidar e dissolver o ouro e, desta forma, produzir um sal solúvel à base do metal, sódio e cianeto, bem como ferro, arsênio, prata, cobre etc. A Jaguar adotou a técnica de lixiviação para diminuir o consumo de cianeto de sódio durante o processo e, consequentemente, reduzir a concentração de ouro nos rejeitos. Para isso, a companhia instalou um novo sistema de injeção de oxigênio nos tanques de pré-aeração e cianetação da polpa. “Pressurizamos a polpa de um dos tanques de pré-aeração, recirculando-a do fundo do tanque para o seu topo e injetando oxigênio na tubulação de bombeamento. Usamos também lanças com tecnologia da White Martins que promovem a formação de microbolhas de oxigênio”, explica Istelamares Alvarenga de Barros, Coordenadora de Processos da Jaguar Mining.

O oxigênio durante o processo recupera o ouro, em especial na fase anterior e durante a cianetação do metal. Na etapa de pré-condicionamento, previamente à cianetação, ele oxida minerais como pirrotita, arsenopirita e outros sulfetos que afetam negativamente a dissolução do ouro. “Durante a cianetação, ele participa ativamente na reação de extração do ouro do minério para uma fase líquida. Portanto, o controle da concentração de oxigênio dissolvido na polpa é um fator importante para a recuperação do mineral”, afirma Istelamares.

Com o processo de lixiviação, a Jaguar Mining elevou a concentração de oxigênio dissolvido nos tanques de 5 ppm para 15-20 ppm, oxidando com maior eficiência os minerais cianicidas (consumidores de cianeto); reduziu 30,10% o consumo de cianeto de sódio; obteve melhor cinética de dissolução do ouro, reduzindo a concentração de ouro no rejeito em 19,66%, que equivale a aproximadamente 670 oz/ano, além de diminuir o custo com reagentes em aproximadamente R$ 500 mil/ano. Os resultados foram conquistados entre fevereiro de 2021 e setembro de 2022 e comparados ao período anterior, de janeiro de 2018 a janeiro de 2021. 

Já o processo de recuperação de ouro por concentração gravimétrica se baseia na diferença de densidade específica das partículas. Como a densidade do ouro é muito mais elevada que a do minério, é possível separar o ouro eficientemente. “Este é um método mais econômico e comumente empregado na recuperação de ouro livre. Cerca de 50% a 60% do ouro produzido na unidade RG, em Caeté, é recuperado por este processo”, diz Istelamares.

Após a concentração gravítica (processo no qual partículas de diferentes densidades e tamanhos são separadas uma das outras por ação da força de gravidade ou por forças centrífugas), o concentrado de ouro gerado passa pelo processo de lixiviação intensiva que visa dissolver o ouro a uma concentração de 30 mil ppm de cianeto livre. “Por meio desse trabalho minucioso e conforme alteração das características mineralógicas do minério, observamos que devido à solubilização excessiva de metais como ferro e arsênio, podem ocorrer duas situações não desejáveis: a primeira delas é que a partir de um certo tempo de lixiviação o ouro já solubilizado retorna para o estado sólido, precipitando sobre o concentrado gravítico; a segunda é que, quando não ocorre precipitação do ouro, há uma parte do metal que não se solubiliza, mesmo com a extensão do tempo, devido à saturação de outros metais em solução. Mas, ao aplicarmos uma segunda lixiviação, com uma nova solução, este ouro é recuperável”, esclarece Istelamares.

A equipe de especialistas da Jaguar Mining conseguiu determinar com tais dados o tempo ótimo de cianetação, evitando a precipitação do ouro. Dessa forma, foi possível reduzir o tempo de lixiviação intensiva de 12 horas, no ano de 2013, para 2,5 horas, em 2022. “A partir daí, adotamos como padrão a relixiviação do concentrado. Ambas as medidas têm garantido a otimização do processo e a recuperação de 98% do ouro do concentrado gravítico”, acrescenta Istelamares.

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