Quem disse que mineração é um mau negócio?

28/06/2022
Em 25 anos, a Vale faturou US$ 653 bilhões e lucrou quase US$ 127 bilhões.

Francisco Alves

Desde que foi privatizada, em 1997, a Vale registrou um crescimento bastante acentuado em sua receita, que em valores nominais históricos pulou de US$ 3,78 bilhões, em 1997, para US$ 54,5 bilhões, em 2021. Ou seja, a receita obtida em 2021 é quase 15 vezes o valor de 1997.

Nos primeiros anos pós-privatização, a receita teve crescimento modesto. Até 2001, manteve-se abaixo dos US$ 4,0 bilhões/ ano. A partir de 2004, no entanto, com o aumento no preço do minério de ferro, que naquele ano alcançou US$ 37,90/dmt (tonelada métrica seca, em português), a receita começa a crescer de forma mais expressiva, chegando a mais de US$ 8 bilhões, no ano. Isso coincide mais ou menos com o crescimento acentuado do consumo de minério de ferro na China, para alimentar a crescente indústria siderúrgica do país.

Naquela época, houve uma mudança importante na estratégia de comercialização de minério de ferro por parte da Vale. Até os anos 1990, os grandes clientes da mineradora brasileira eram o Japão e a Europa. A partir dos anos 2.000, no entanto, a China passou a ganhar cada vez mais importância como importador do minério da Vale, que viu no apetite chinês por minério uma oportunidade para mudar a sistemática de precificação da commodity. Quando Japão e Europa eram os principais clientes, o preço era negociado anualmente com alguns compradores. Assim, no primeiro semestre do ano a mineradora se reunia com alguns dos grandes compradores de seu minério e negociava contratos com preços vigentes por um ano. Com os chineses, a Vale passou a negociar preços trimestrais, com base na oferta e demanda. E, como a demanda na China era cada vez maior, os preços também aumentaram. Em 2005, os preços médios do minério de ferro praticamente dobraram em relação ao ano anterior, chegando a US$ 65,00/dmt, o que contribuiu para que a Vale, naquele ano, tivesse uma receita de US$ 12,792 bilhões, ou mais de 3 vezes mais à obtida no ano de sua privatização. E o lucro líquido, que havia sido de US$ 319 milhões em 1997, atingiu US$ 4,841 bilhões. Ou seja, uma margem de quase 38%. A partir daquela época o minério de ferro passou a ser de fato um “negócio da China”.

Porém, outras boas surpresas estavam por vir. Em 2007, o preço do minério de ferro deu outro grande salto, chegando a US$ 122,99/dmt, o que permitiu à Vale obter uma receita de US$ 32,242 bilhões e um lucro líquido de US$ 11,825 bilhões. A margem de rentabilidade continuou altíssima (para o ramo da mineração), superando 36%. Em 2008, apesar do início da crise financeira mundial (que se acentuaria mais no último trimestre) os preços do minério de ferro ainda se mantiveram elevados, atingindo US$ 155,99/dmt. E o desempenho da Vale continuou muito bom, pois sua receita alcançou US$ 37,426 bilhões e o lucro foi de US$ 13,218 bilhões, com margem ainda superior a 35%.

Leia a matéria completa na edição 421 de Brasil Mineral