Para a Aura Minerals, inovação é toda iniciativa nova ou de melhoria que tenha impacto positivo na companhia, meio ambiente, comunidades, e obviamente os empregados. A ação que vem de encontro aos preceitos do Aura 360, programa que dá autonomia a todas as unidades operacionais e todas as camadas de gestão. “Essa autonomia nos impulsiona, junto com a cultura, a estar inovando constantemente. Isso começou lá em 2020, 2021, quando passamos a entender uma mineração diferente, com cultura descentralizada”, diz Richard Massari, Diretor de Excelência Operacional, Digital e Inovação da Aura Minerals, em conversa com a Brasil Mineral.
Dentro dessa nova cultura, a Aura criou, em 2021, o Prêmio de Inovação, baseado em quatro critérios: grau de inovação (com tecnologia ou não), simplicidade, impacto (financeiro, ambiente, comunidades, empregados, segurança) e, por último, escabilidade – “porque a inovação pode nascer numa unidade, por exemplo, no México, e ser aplicada em outras unidades da empresa”.
Atualmente a Aura Minerals recebe cerca de 500 ideias por ano, muitas delas validadas e implementadas, das mais simples, que Richard considera “as mais fantásticas”, até as mais robustas, como a do minerador contínuo. “Em 2023, todas as inovações com algum impacto financeiro em redução de Capex, significaram uma economia de US$ 23 milhões para a empresa, cifra que demonstra o esforço dos funcionários e se materializa do ponto de vista financeiro”, informa Richard, acrescentando que antes da euforia da IA a Aura já se preocupava em tratar bem seus dados para melhor analisar e tomar decisões assertivas e imediatas.
Quando se tem várias unidades com autonomia, o normal é que elas se isolem do ponto de vista de integração. Foi ai que começou a jornada de dados da companhia para organizar e centralizar todas as informações disponíveis. Dados que poderiam vir de sensores ou de planilhas e que passavam por vários processos, inclusive manuais. O trabalho realizado priorizou a qualidade do dado que, após digitalizado foi colocado num data lake. Em 2022 veio a virada de chave para os business inteligence, ou os dashboards – “uma realidade para todas as empresas. No caso da Aura conseguimos levar rapidamente os dados para todas as camadas de forma ágil, simples e com nível de qualidade aceitável, constante e organizado”.
A partir do momento que os dados são usados com inteligência, se fomenta a integração de todas as áreas, que passam a entender que os desafios são próximos e que existe possibilidade de sinergia. “Foi avanço muito importante, pois não dá para falar de inteligência artificial sem falar de dados”, considera Richard. Neste ano a Aura passou a integrar todos os pipelines de dados, de todas as áreas – exploração, geologia, planejamento, operação de mina, operação de planta e também dados de suporte, que se referem a segurança, recursos humanos – “tudo isso começa a fazer sentido e se eu tiver que plugar uma IA, eu preciso ter esses dados todos integrados, conectados, catalogados, classificados, para extrair o máximo da IA”, continua Richard. No momento, a Aura está na fase final da jornada da base de dados, já passando para a jornada digital, que é o Hora Digital – maior desafio para este ano e para os próximos.
Apesar da boa fase do preço do ouro, Richard conta que a Aura assumiu compromisso de ter uma eficiência em custos, em projetos, de fato focados nisso. “De 10 mil em 10 mil chegamos aos US$ 23 milhões, fazendo por exemplo a revisão de fornecedores impulsionados por essa necessidade de eficiência em custos. Também desenvolvemos fornecedores locais”, prossegue ele. No Brasil a Aura tem duas operações: Apoena e Almas e Borborema começará a operar no início de 2025, todos dentro da orientação de baixos custos.
Mas outros exemplos de inovação também se destacam na companhia – no México, por exemplo, foi revista a forma de disposição de rejeito na barragem, que resultou num fôlego de quase oito meses de alteamento. Também há casos de melhoria na caixa de testemunhos que antes eram de madeira e agora são de plástico. De acordo com Richard, os autores das ideias se transformam em “agentes da inovação”, o que tem sido muito positivo.