50 anos de desafios na mineração brasileira

01/06/2023
Em meio século, a empresa se tornou a segunda maior mineradora em atuação no território brasileiro, tendo respondido por aproximadamente 5% do valor total da produção mineral brasileira em 2022, liderando a produção nacional de ferro-níquel.

Em abril de 2023, a Anglo American completou meio século de atividades no Brasil. Neste meio século de trajetória, iniciado com a abertura de um escritório no Rio de Janeiro, para buscar no País oportunidades de investimento em ouro, a empresa se tornou a segunda maior mineradora em atuação no território brasileiro, tendo respondido por aproximadamente 5% do valor total da produção mineral brasileira em 2022, liderando a produção nacional de ferro-níquel e colocando-se em segundo lugar (em valor) na produção nacional de minério de ferro.

Atualmente, a Anglo American Brasil tem uma participação importante na geração de caixa do grupo globalmente, respondendo por entre 15 e 18% do Ebitda total da companhia, segundo Wilfred Bruijn (Bill), CEO da empresa no País. Na América do Sul (que inclui Brasil, Chile e Peru), essa participação pode aumentar para até 50%, dependendo dos preços das commodities produzidas na região, como assinala o CEO global de Metais Básicos, Ruben Fernandes. Isso significa que o Brasil continua sendo muito importante para o futuro da sexta maior mineradora do mundo, por geração de caixa. Seu projeto Minas-Rio caminha para atingir a capacidade de 26,5 milhões de toneladas/ano de minério de ferro e as previsões são de que as reservas hoje controladas pela companhia possibilitem a operação do empreendimento até pelo menos 2075, ou seja, por mais 52 anos. E as unidades de Barro Alto e Codemin, que atualmente respondem por uma produção da ordem de 40 mil t/ano de ferro-níquel, também estão recebendo investimentos na melhoria de suas operações, visando inclusive o aumento da vida útil.

Para sustentar esse crescimento, a Anglo American Brasil, que hoje responde pela geração de 12 mil empregos, entre diretos e terceiros, tem programados investimentos de aproximadamente R$ 12 bilhões até 2027, sendo a maior parcela no Minas-Rio, visando aumento de capacidade e melhoria nos processos. Atualmente o Minas-Rio está produzindo numa escala entre 22 milhões e 24 milhões t/ano e o objetivo é chegar à capacidade instalada, que é de 26,5 milhões t, dentro de dois anos, lembrando que a capacidade de produção licenciada para o empreendimento é de 29,1 milhões t. No Minas-Rio, a empresa está trabalhando uma série de melhorias operacionais e uma delas foi a instalação de uma unidade de separação magnética, inaugurada em 2022, para reprocessamento do rejeito que iria para a barragem. O reprocessamento permite a recuperação do ferro contido nos rejeitos. Assim, atualmente vai para a barragem apenas o material que praticamente não contém mais nenhum teor de ferro. Com isso, além de aumentar a recuperação de ferro, o projeto dá maior longevidade à barragem, como explica Bill.

No caso do níquel, a empresa tem uma carteira de investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões, para os próximos cinco anos, que contempla duas plantas de briquetagem, para permitir o processamento do pó de níquel e fazer com que a alimentação dos fornos seja mais produtiva. Com isso, espera-se aumentar um pouco a capacidade produtiva, que hoje está em 96-97%. Ao mesmo tempo, a empresa estuda novas tecnologias de processamento do níquel. A expectativa da Anglo American, com os investimentos, além da manter a estabilidade das operações, é dar mais longevidade a esses ativos, que hoje têm vida útil de 25 anos. O objetivo é elevar a vida útil para 40 anos, inclusive com o aproveitamento do material estocado em pilhas, que tem teor de níquel um pouco menor.

Num horizonte ainda indefinido, a Anglo American estuda a possibilidade de aproveitar dois outros depósitos de níquel que tem no país, sendo um no estado de Mato Grosso (Morro Sem Boné) e outro no Pará (Jacaré). Destes, o que tem mais perspectivas de se concretizar é Jacaré, que é considerado bastante promissor, pela quantidade de suas reservas. Para Ruben Fernandes, a viabilização do empreendimento vai depender basicamente de dois fatores: primeiramente, a logística e, em segundo, o lado social, ou seja, se o projeto estaria dentro do propósito da Anglo American de “Reimaginar a mineração para melhorar a vida das pessoas”, um ponto que hoje é levado em conta na estratégia de crescimento da empresa e que em certos casos exige a adaptação do projeto, para que possa ser inserido socialmente de maneira correta.

Leia a matéria completa na edição 429 de Brasil Mineral