EMPRESAS DO ANO

Superando dificuldades, de olho no futuro

10/05/2018

 

Exemplos de superação no enfrentamento das adversidades, em um quadro de mercado ainda difícil, e adoção de novas estratégias para preparar o futuro marcaram a premiação das Empresas do Ano do Setor Mineral eleitas pelos leitores de Brasil Mineral através de votação direta, como mostram os discursos dos representantes das 10 empresas premiadas.

O difícil mercado de Agregados

No segmento de Agregados, o presidente da Embu, Luiz Eulálio Moraes Terra, salientou que mesmo com as dificuldades de mercado, a Embu continua trabalhando dentro de “visões de pessimismo contido e otimismo latente” – no primeiro caso estruturando os negócios de forma a se manter dentro do mesmo orçamento de 2017. E na esperança de que o País vai se ajustar adiante, a empresa cultiva o otimismo latente, mantendo a estrutura de produção, comercial, administrativa e de engenharia, de forma a manter uma rentabilidade mínima, “que exige da equipe um esforço ímpar”.


Presidente da Embu, Luiz Eulálio Moraes Terra

Já o presidente da Itaquareia, Antero Saraiva Jr., lembrou os mais de 50 anos de história que transformaram a empresa em referência no setor de agregados e os importantes fornecimentos para grandes obras em São Paulo. O crescimento da empresa e os investimentos em melhorias operacionais também foram citados por Saraiva Jr, assim como o compromisso com o desenvolvimento socioambiental no entorno de suas operações.


Presidente da Itaquareia, Antero Saraiva Jr.

Minerais Ferrosos: a crise ensina

Em Minerais Ferrosos, o principal executivo da Mineração Buritirama, João Araújo, lembrou o planejamento disseminado em todos os níveis da empresa em vetores como simplicidade e foco no resultado, assim como os investimentos realizados com impacto direto no desenvolvimento de pessoas e comunidades.  “Os resultados alcançados para a premiação, além de ser fruto de esforço e dedicação de todos os colaboradores, são também decorrentes de sólida parceria estruturada com nossos clientes e fornecedores, além de entidades estaduais, municipais e federais. Acreditamos no pleno desenvolvimento do potencial nacional e temos a convicção de que esse planejamento estratégico guiará a Mineração Buritirama para novos patamares empresariais”.


João Araújo, da Mineração Buritirama

Em discurso bastante emocionado, Ruben Fernandes, presidente da Anglo American, ressaltou os desafios e a grande complexidade do Projeto Minas-Rio, além das recentes licenças de instalação da Etapa 3, muito comemoradas no início do ano por toda a equipe – alegria que durou pouco com o susto vivido com os vazamentos do mineroduto em março: “como um capricho do universo, estávamos em crise mais uma vez. Era hora de mostrar nossa força, nossa união. E mais uma vez, o que as vezes a gente não vê, a crise mostra. Mostra responsabilidade, mostra comprometimento, mostra competência, mostra a cara”.


Ruben Fernandes, presidente da Anglo American

Conforme prosseguiu Fernandes, “era então momento de replanejar, de repensar o ano que começara tão bem. O esforço conjunto e contínuo tem sido de ir além do que a legislação exige, além do que é esperado, além das melhores práticas. Se a obrigação é entregarmos o ribeirão plenamente recuperado até o final de maio, vamos além. Vamos entregar um robusto plano de recuperação de áreas degradadas, que resulte na manutenção de áreas verdes importantes ao município de Santo Antônio do Grama. Se a lei estabelece as condições mínimas aos empregados que terão seus contratos de trabalho suspensos pelos próximos meses, vamos além. Vamos garantir que não haja perda salarial, nem de benefícios. Vamos garantir que não haja demissões. Vamos garantir que o período seja dedicado a uma série de ações estruturadas voltadas para a saúde, para as relações, para o esporte, para a arte e para a qualificação dos empregados e suas famílias. Vamos atravessar esse momento unidos, com o vínculo ainda mais forte”, garantiu o executivo.

Minerais Não-Ferrosos: renascimento e transformação

No segmento de Minerais Não-Ferrosos, Manoel Valério de Brito, co-CEO e COO da Mineração Caraíba, disse que a premiação mostra a contribuição da revista em destacar boas práticas que existem, de fato, no setor. “Já fomos agraciados em outras oportunidades, mas este prêmio tem ‘sabor especial’. Com quase 40 anos de existência, a empresa experimentou diversas sensações de euforia e adversidades, como a que aconteceu em janeiro 2016, quando a mina subterrânea foi inundada em razão das fortes chuvas ocorridas no Nordeste brasileiro e que resultou na paralisação das operações”, lembrou o executivo.


Manoel Valério de Brito, co-CEO e COO da Mineração Caraíba

De lá para cá, a companhia concentrou sua atuação no sentido de recuperar a mina, mesmo com os poucos recursos disponíveis e sem o apoio dos acionistas na época. A única solução naquele momento foi optar pela recuperação judicial e, após quase um ano de paralisação, um grupo canadense comprou a empresa, com a árdua tarefa de renegociar a dívida que a empresa possuía com alguns bancos.

Em 2017, com o forte apoio dos novos acionistas, a Caraíba retomou as operações da mina subterrânea e deu prosseguimento à mina a céu aberto, “até então estrangulada dentro do processo de sobrevivência de 2016”, conta Brito.  Os resultados são visíveis: no ano passado a companhia obteve lucro no exercício e, em outubro passado, lançou ações na Bolsa de Valores em Toronto, no Canadá. Para os próximos três anos tem como objetivo duplicar a atual produção de cobre. Para tanto, investiu no início de maio de 2018 a quantia de US$ 5,5 milhões em pesquisa indireta no Vale do Curaçá, montante que faz parte de um pacote de US$ 15 milhões somente na área de sondagem – “como diz nosso presidente canadense, seremos no futuro próximo uma grande empresa de mineração e uma das melhores do mundo”, finalizou Brito.

Ricardo Carvalho, presidente da CBA, agradecendo a relevância do prêmio, “que mostra que estamos no caminho certo”, afirmou que em 2014 a indústria do alumínio passava por uma crise e havia dúvidas inclusive quanto ao futuro da CBA. Foi desenvolvida então uma nova estratégia que começou a ser implantada em 2015 e estabeleceu três negócios para a empresa: geração de energia, produtos primários (da mineração à fundição) e produtos transformados (como é o caso do alumínio). No caso dos Primários, objetivando a excelência operacional e produtividade e na área de Transformados a aproximação com o cliente, como um provedor de soluções e serviços.


Ricardo Carvalho, presidente da CBA

“Mesmo com todas as dificuldades externas, jamais deixamos de investir e acreditar na nova estratégia. Em 2016, nos separamos da antiga Votorantim Metais, hoje Nexa Resources, e perseguimos firmes em nosso propósito. Com a melhora da competitividade da empresa, os resultados já começaram a surgir. Mas isso ainda não era suficiente e pensando num horizonte mais em longo prazo, trouxemos elementos como inovação e tecnologia para garantir uma empresa de sucesso, plano que resultou na "CBA do Futuro", conta Carvalho, ressaltando como pilares principais a sustentabilidade, clientes e pessoas. Dentro desse processo de transformação, a CBA possui hoje mais de 600 iniciativas implantadas, com atuação direta de mais de 400 pessoas da organização.

Metais Preciosos: inovação e tecnologia

Nos Metais Preciosos, Rodrigo Barbosa, CEO da Mineração Apoena, atribuiu o prêmio a diretrizes como “competência, amor pelo que se faz e determinação”, além dos investimentos em crescimento, inovação, sustentabilidade ambiental, política de recursos humanos e relacionamento com as comunidades”. Com apenas oito anos de existência, a Mineração Apoena nasceu da aquisição das minas São Francisco e São Vicente, no Mato Grosso, na fronteira com a Bolívia. Em 2016, adquiriu a unidade Ernesto Pau a Pique e segue confiante com o potencial mineral da região.


Rodrigo Barbosa, CEO da Mineração Apoena

Camilo Farace, diretor-presidente no Brasil da AngloGold Ashanti, destacou a escolha da empresa pela terceira vez consecutiva como uma das Empresas do Ano no Setor Mineral, “uma conquista da família AngloGold, que há mais de 180 anos opera no País de forma contínua, com elevada qualidade, tecnologia e inovação nas minas de subsolo”. O faturamento da mineradora em 2017 foi acima de R$ 2 bilhões, período em que investiu mais de R$ 100 milhões em pesquisas de exploração “por acreditar no país e saber da sua capacidade de maximizar as operações de subsolo, área que precisa rever com urgência a ultrapassada legislação”, pontuou Farace.


Camilo Farace, diretor-presidente da AngloGold Ashanti no Brasil

Cereja do bolo e novos produtos

No segmento de Minerais Industriais/Fertilizantes, Eduardo Lima, diretor de Relações Institucionais da CMOC, classificou a premiação como a “cereja do bolo de um trabalho bem executado”, ao lembrar as dificuldades enfrentadas nos últimos anos devido à insegurança econômica do mercado e volatilidade do preço dos fertilizantes, período em que se deu a transição dos grupos controladores da CMOC e que hoje a “empresa está solidamente estabelecida”.


Eduardo Lima, diretor de Relações Institucionais da CMOC

E Paulo Serpa, diretor Administrativo da Imerys, destacou em seu discurso o profissionalismo de todos os colaboradores da empresa no Pará, “que levaram a companhia a ser premiada pelo terceiro ano consecutivo”. Também ressaltou que entre os planos da companhia está a busca de novos produtos além do caulim e a readequação do processo de produção para atender a novas demandas. Como setor, Serpa defendeu uma maior necessidade de diálogo das mineradoras com todas as partes interessadas, “para entender suas expectativas e garantir a qualidade do fluxo de informação”.


Paulo Serpa, diretor Administrativo da Imerys