A greve dos caminhoneiros impactou fortemente o desempenho da indústria brasileira de cimento no primeiro semestre de 2018. Segundo Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), o setor projetava um resultado positivo do acumulado nos seis primeiros meses do ano, “mas a greve ocorrida em maio provocou paralisação das vendas nos últimos dez dias daquele mês e, mesmo com alguma recuperação em junho, esse resultado não foi suficiente para repor a perda e fechamos o bimestre maio/junho com queda de 3,8% em relação ao mesmo bimestre de 2017. Com isso, o resultado do semestre ficou negativo em 1,5%”. Ele acrescentou que no período janeiro a junho de 2018 as vendas do produto no mercado nacional totalizaram 25,4 milhões de toneladas (dados preliminares), o que representa menos 1,5% em relação a igual período do ano passado. Somente no mês de junho foram vendidas 5,0 milhões de toneladas, 13,2% a menos que em junho de 2017. Nos últimos 12 meses, afirmou, as vendas acumuladas foram de 52,9 milhões de toneladas ou 3,2% a menos do que no período anterior.

Para o ano, segundo o executivo, o setor esperava um crescimento de 1% a 2%, mas os resultados do primeiro semestre, juntamente com o ainda fraco desempenho da economia, apontam para uma revisão das projeções. “Tradicionalmente, o consumo de cimento tem melhor desempenho no segundo semestre, mas, diante dos resultados obtidos até agora, junto à queda de ritmo da atividade econômica do País -- especialistas já reduziram a projeção do crescimento do PIB para apenas 1,5% -- fazem com que o setor venha a revisar suas projeções e nossa percepção é que corremos o risco de fecharmos o 4º ano consecutivo de queda”.

Camillo Penna também afirmou que a tabela aprovada para os fretes terá um forte impacto para a indústria de cimento, que realiza 96% do seu transporte via caminhões. Hoje, diz ele, o transporte equivale a 28% do faturamento líquido da indústria e com a nova tabela esse custo teria um aumento de 114%.