Taboca: o futuro de Pitinga vai muito além do estanho

18/11/2024
Além da mina de Pitinga, localizada em Presidente Figueiredo, no estado do Amazonas, a Taboca opera uma unidade de metalurgia em Pirapora do Bom Jesus (SP), onde processa o concentrado oriundo de Pitinga.

Explorar todo o potencial polimetálico da mina de Pitinga, que hoje é a principal produtora de estanho no País e que gera como subprodutos ligas de tântalo e nióbio. Este é o propósito da Mineração Taboca, eleita Empresa do Ano do Setor Mineral 2024 na categoria Inovação e Tecnologia, por seus esforços no sentido de ampliar o aproveitamento dos outros materiais (incluindo Elementos de Terras Raras) que estão contidos no minério, além do estanho, que ainda é o seu principal produto.

Além da mina de Pitinga, localizada em Presidente Figueiredo, no estado do Amazonas, a Taboca opera uma unidade de metalurgia em Pirapora do Bom Jesus (SP), onde processa o concentrado oriundo de Pitinga, obtendo estanho e as ligas FeTa e FeNb e FeNbTa (Ferro-Tântalo, Ferro- -Nióbio e Ferro-Nióbio-Tântalo). Em 2023, a empresa obteve uma produção de 5.386 toneladas de estanho refinado e 4.410 t de ferroligas (superando o recorde histórico de 4.008 toneladas), que geraram uma receita de US$ 256,18 milhões, um recuo de -3% em relação a 2022, motivado principalmente por demoras, com consequente aumento de custos, no transporte devido ao baixo caudal do rio Amazonas, por onde a empresa transporta o seu concentrado até o litoral de São Paulo e depois, por via terrestre, até Pirapora. O Ebitda também teve forte redução, de -37% sobre o resultado de 2022 e o lucro foi de apenas US$ 4.2 milhões (-92% sobre o ano anterior).

Atualmente, em Presidente Figueiredo a Taboca processa o minério de estanho em operações de britagem e moagem, seguidas de separação por densidade, obtendo o pré-concentrado, que depois é submetido a flotação, em que o estanho é separado do nióbio e tântalo. Nesta operação, entretanto, cerca de 5% do nióbio e tântalo contidos no material ficam no concentrado de estanho que vai para a usina de Pirapora.

A planta de fundição e refino de Pirapora recebe a produção de estanho da mina de Pitinga, processa os concentrados de cassiterita e os converte em estanho refinado de alta qualidade, com nível de pureza de 99,97%, que obtém ótima cotação na LME (London Metal Exchange), por ter um teor muito baixo de chumbo, elemento que é indesejado, já que o estanho é muito utilizado na indústria de embalagem de alimentos.

Em 2023, a empresa conseguiu estabilizar o processo de recuperação do estanho contido na cassiterita "através de melhores práticas operacionais, o que resultou em menor volume de deposição de resíduos finais". Atualmente, há um grande volume de rejeitos acumulados na unidade de Pirapora, ainda com teores expressivos de tântalo, nióbio e outros elementos que não se consegue recuperar com o processo atual de metalurgia. A taxa de recuperação de estanho e os outros materiais, no processo, em 2023 ficou em 91%, contra uma média de 95,3% em 2022.

De acordo com o CEO da Taboca, Eduardo Orban, um dos fatores que estão motivando a Taboca a apostar na recuperação de outros materiais contidos no minério é que a extração e processamento do minério de estanho estão cada vez mais difíceis e onerosos. Quando se instalou em Presidente Figueiredo a Mineração Taboca – que então era controlada pelo grupo Paranapanema – lavrava cassiterita de aluvião, através de desmonte hidráulico, com teores de estanho na faixa de 30%. Era uma operação de custo muito baixo e alta rentabilidade. No entanto, com o esgotamento do minério secundário, a empresa começou a lavrar o minério primário (Rocha Sã), em granito, que requer desmonte com explosivos e operações mais complexas de britagem e cominuição. Trata-se de um material abrasivo, que provoca bastante desgaste nos equipamentos de cominuição, com os custos consequentes. Além disso, o teor caiu bastante, ao ponto de atualmente a empresa lavrar minério com 0,18% de estanho. O teor é mais baixo do que o de nióbio e tântalo, que hoje são subprodutos do processamento do minério.

Aliás, a grande vantagem de Pitinga, segundo Orban, é ser uma mina polimetálica, já que além do estanho a jazida contém nióbio, tântalo, columbita, criolita, tório, urânio, háfnio e elementos de terras raras. Tal característica (principalmente no que se refere ao nióbio e tântalo), foi talvez o que motivou o grupo peruano Minsur, controlado pela família Brescia, a investir US$ 400 milhões na aquisição da Mineração Taboca do grupo Paranapanema, incluindo a mina e as instalações de Pirapora. A operação aconteceu em 2008 e na ocasião o grupo anunciou que pretendia ampliar a participação do nióbio e do tântalo na receita da Taboca, reduzindo a participação do estanho, que era de 80%, para algo entre 55% e 60%. Na época da aquisição, havia planos de duplicar a produção de estanho, que acabaram não se concretizando.

Veja a matéria completa na edição 444 de Brasil Mineral