Por Francisco Alves
A guerra da Rússia contra a Ucrânia já está se refletindo sobre os preços de vários metais e commodities minerais já que, com as sanções contra a Rússia, os produtores daquele país não estão conseguindo enviar produtos para seus consumidores. Os primeiros afetados foram os produtores de aço, que viram suas exportações caírem drasticamente. Os embarques de níquel também foram afetados. A Rússia figura entre os cinco maiores produtores de aço, níquel e alumínio, três produtos que já vinham sofrendo pressões nos preços, devido ao aperto na oferta, o que deve se agudizar com o prolongamento do conflito.
No caso do alumínio, cujo preço na LME está beirando os US$ 3,370/tonelada, a expectativa é que os preços subam ainda mais. Segundo a Wood Mackenzie, os altos preços da energia têm contribuído para reduzir a produção na Europa e se tais preços continuarem subindo, a previsão da empresa de consultoria é que a produção de alumínio pode cair mais 400 mil toneladas por ano, o que certamente se refletirá sobre os preços. Lembrando que a Rusal é o maior produtor mundial de alumínio fora da China.
O níquel, que em dezembro estava na faixa de US$ 23 mil/tonelada, já está sendo negociado na faixa de US$ 25 mil/tonelada e também deve continuar subindo com a extensão do conflito.
Outro metal cujos preços estão subindo em função da guerra é o paládio, metal essencial para os catalisadores de veículos. Em função do temor em relação ao suprimento do metal, os preços já subiram 9,4%, chegando a US 2,722/onça. A Rússia é o maior produtor mundial de paládio, já que a Nornickel responde por cerca de 40% da produção global do metal.
O ouro, por sua vez, registrou alta de 1,4%, alcançando US$ 1,933 por onça. O motivo é que, com o conflito, os investidores se direcionam para este tipo de ativo. A previsão é que os peços do metal subam mais ainda.
O conflito também se refletiu sobre os preços do minério de ferro. Contratos para abril na Singapore Exchange estão sendo negociados a US$ 141.25 a tonelada. De acordo com um especialista, uma campanha militar prolongada certamente afetará as exportações da Rússia e Ucrânia, que exportam anualmente 70 milhões de toneladas. Embora não seja um volume elevado no contexto do comércio transoceânico de minério de ferro, isto impactará o balanço oferta/demanda global, com reflexos nos preços. E, como após as Olimpíadas de inverno na China o país deverá retomar mais fortemente sua produção de aço, a expectativa é que os estoques se reduzam, o que também contribuirá para manter os preços em níveis elevados.
