SGB-CPRM lança o Plangeo 2025-2034
No dia 16 de outubro, durante o 51º Congresso Brasileiro de Geologia, ocorreu o lançamento do Plano Decenal de Mapeamento Geológico Nacional (PlanGeo 2025-2034). O anúncio foi feito pelo diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil, Valdir Silveira, após a palestra “Mapeamento Geológico no Brasil: passado, presente e futuro”, ministrada pela pesquisadora Lúcia Travassos, que esteve à frente da coordenação do plano, juntamente com o pesquisador Marcos Vinícius Ferreira.
De acordo com o diretor-presidente do SGB, Inácio Mello, o Brasil possui um imenso potencial mineral para impulsionar seu crescimento econômico e social, e o PlanGeo será a bússola propulsora para orientar a pesquisa desse potencial. A partir do planejamento das ações do SGB para ampliar a cobertura de mapeamento geológico, será possível priorizar as áreas de maior potencial para minerais críticos essenciais no desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono, posicionando o país de forma competitiva no cenário internacional. “O PlanGeo deverá estimular a colaboração entre o setor privado, universidades e governos em todos os níveis, potencializando investimentos e expertises. A consulta pública que precedeu a construção do PlanGeo 2025-2034 reforça a abertura para a participação coletiva, garantindo que o mapeamento geológico atenda às reais necessidades do país”, destacou Melo.
A versão preliminar do PlanGeo elencou 60 blocos prioritários para mapeamento geológico nos próximos dez anos e foi submetida a consulta pública ocorrida entre 15 de abril e 15 de junho deste ano, para conhecer as demandas dos diversos segmentos da sociedade brasileira, especialmente aqueles que se beneficiam dos resultados dos projetos de cartografia geológica, a exemplo das empresas de pesquisa mineral, universidades e instituições públicas. “O Plano reflete o compromisso do SGB em gerar conhecimento geológico robusto, que reduz riscos exploratórios, atrai investimentos e amplia recursos e reservas de minerais estratégicos para o país. Além disso, reafirma o papel do SGB como referência em fornecer dados de qualidade, que impulsionam o setor mineral e o desenvolvimento das Geociências”, afirmou Silveira.
Os dois blocos mais votados estão na região amazônica e são Faixa Araguaia, Faixa Brasília, Amapá Central e Nordeste do Amazonas, como indica o resultado da consulta pública. Na Região Nordeste, os mais votados foram Província Grafítica (BA-MG) e Bacia de São Francisco (BA), seguidos dos blocos Chapada Diamantina, Seridó-Cachoeirinha, Alto Moxotó e Bacia do Parnaíba Sul. Já na Região Centro-Sul, está o bloco com maior número de votos na consulta pública, o Arco Magmático de Goiás, seguido pelos blocos Bacia do São Francisco e Alto Paranaíba. Para Lúcia Travassos, “o caráter prioritário para esses blocos se deve ao potencial que apresentam para diversos tipos de depósitos, especialmente minerais estratégicos e críticos para o mundo, quanto à transição energética, como lítio, cobre, elementos terras raras e grafítica e grafita, além de insumos minerais para o agronegócio, como o fosfato”.
Após a avaliação da equipe técnica do SGB quanto às indicações recebidas, 27 folhas cartográficas foram selecionadas, agrupadas em seis blocos: Bacia do Tacutu, Volta Grande do Xingu (PA), Folha Rio Xingu (PA), Noroeste da Bahia, Vale do Lítio (MG) e Leste do Acre. Os blocos foram incorporados ao planejamento, após análise das justificativas apresentadas pelos proponentes, que demonstraram a relevância dos objetos geológicos que representam. Um exemplo é o bloco do noroeste da Bahia, proposto pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), que trata de uma região com alta favorabilidade para corpos mineralizados de Ni-Co-Co, Fe-Ti-V, fosfato e grafita. Para a pesquisadora, “também é imperativo que o mapeamento geológico seja realizado sob a perspectiva de que a sociedade brasileira deve ser o principal beneficiário, com resultados aplicados em outras atividades além da pesquisa mineral, que promovam desenvolvimento econômico e bem-estar social, como nas pesquisas para aumento da disponibilidade hídrica no semiárido brasileiro, na busca de insumos agrícolas que garantam segurança e qualidade alimentar da população, na descoberta de minerais críticos fundamentais para a transição energética e utilização de fontes mais sustentáveis, e na definição e implementação de políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.
O PlanGeo 2025-2034 atende à portaria normativa 72/GM/MME, de 13 de março de 2024, do Ministério de Minas e Energia, que estabelece diretrizes e orientações sobre o mapeamento geológico e de recursos minerais executados pelo Serviço Geológico do Brasil. O resultado da consulta pública do PlanGeo mostra a participação de 345 pessoas, dentre as quais, 42% representam o setor privado, 31% o acadêmico e 27% são representantes de instituições públicas. Com relação à ocupação dos participantes, houve maior representação de pesquisador e professor universitário (20%), servidor público federal (16,81%), consultor/autônomo/empresário (16,81%), funcionário da área de pesquisa mineral de empresa de mineração (13,04%), que juntos somaram mais de 66% do total de participantes. Dentre os 303 participantes que optaram por registrar sua formação profissional, a ampla maioria é de geólogos, que representam cerca de 80% do total. Já em relação à distribuição geográfica, houve ampla participação de representantes de diversos estados, destacando-se Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Pará e Rio de Janeiro que, juntos, somaram mais de 50% dos votos.