CERÂMICAS

Prêmio reconhece trabalho da UFSCar

12/04/2021

 

A American Ceramic Society (ACS) reconheceu internacionalmente o estudo vinculado ao Grupo de Engenharia de Microestrutura de Materiais (GEMM) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) como melhor publicação na área de materiais cerâmicos para aplicações em alta temperatura no período de 2018 a 2020. 

O prêmio Alfred W. Allen 2021 foi entregue no 56th Annual Symposium on Ceramic Refractories, realizado nos dias 24 e 25 de março, a uma equipe que conta com a participação de Victor Carlos Pandolfelli, docente do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar e líder do GEMM, e Bruno Luchini, engenheiro mecânico e mestre em Engenharia de Materiais pela UFSCar. O trabalho premiado é parte do doutorado de Luchini, realizado na Alemanha, na Universidade Técnica de Freiberg, com co-orientação de Pandolfelli, que tem parceria consolidada com a instituição alemã, onde atua como professor em cargo honorário intitulado "Mercator Professor". Luchini, atualmente, trabalha na siderúrgica Tata Steel, na Holanda. 

O artigo, intitulado "On the nonlinear behavior of Young's modulus of carbon-bonded alumina at high temperatures" (disponível em https://ceramics.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/jace.15575), foi publicado no Journal of the American Ceramic Society. O estudo procura entender melhor o comportamento de material cerâmico - refratário de alumina com carbono - usado em equipamentos da produção siderúrgica, como revestimento, em regiões específicas desses equipamentos ou em válvulas, por exemplo.

Pandolfelli explica que o material não passa por queima antes do uso, sendo apenas aquecido a 200ºC para aplicação, sofrendo transformações importantes, especialmente ao longo dos primeiros ciclos de aquecimento e resfriamento na operação dos equipamentos. As análises realizadas buscaram compreender esse processo, por meio de um monitoramento das mudanças de fase durante esses ciclos de operação, e também subsidiando simulação computacional que pode apoiar o aprimoramento das propriedades desses materiais.

O prêmio Alfred W. Allen é entregue a cada dois anos às publicações identificadas como maior contribuição ao conhecimento na área no período. Não há, portanto, inscrição, e sim busca realizada por uma equipe de especialistas. Pandolfelli é, até o momento, o único pesquisador a receber quatro vezes a premiação, em 2007, 2015, 2017 e agora. "O reconhecimento nos motiva à continuidade do trabalho, ao indicar como, apesar de todas as dificuldades, a pesquisa brasileira de ponta ainda tem competitividade internacional", registra. "Para chegar a este ponto, os esforços dos pesquisadores no Brasil precisam ser muito maiores, e o reconhecimento da pesquisa, realizada na Alemanha mas com um pesquisador brasileiro como autor principal, indica o que poderíamos desenvolver no País se tivéssemos melhores condições de pesquisa", complementa.