FORUM MINAS E MINERAÇÃO

Os desafios da mineração depois do superciclo

23/06/2016

 

Realizado no dia 15 de junho, o Fórum Minas e Mineração no Século XXI – Desenvolvimentos e Tecnologias para Sustentabilidade Econômica e Ambiental teve a participação de aproximadamente 250 pessoas, entre presidentes e representantes de empresas do setor de mineração, assim como professores e estudantes universitários. O Fórum foi uma realização da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi) e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), em parceria com a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

O evento teve quatro painéis onde no primeiro deles o tema foi “Para Minas Gerais: Mineração e Desenvolvimento Econômico”. A Diretora de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Maria Luísa Machado Leal, destacou questões a serem debatidas por players do mercado com o objetivo de agregar mais valor aos produtos minerais e produzir de forma mais eficiente, como internalizar o desenvolvimento tecnológico pelas empresas multinacionais e como potencializar o capital intelectual acumulado na mineração.

Na sequência, Lucio Cavalli, Gerente executivo de Planejamento Estratégico e Desenvolvimento de Negócios Ferrosos da Vale, detalhou o projeto S11D da empresa no Pará através de fotos, gráficos e mapas. Mostrou o andamento do projeto, como a concentração do minério funcionará sem água e deixou claro para todos que “o minério de alta qualidade no sistema Norte irá viabilizar o de baixa qualidade do sistema Sul”.

O segundo painel foi apresentado pelo editor da revista Brasil Mineral, Francisco Alves, com o tema “Panorama do Crescimento e Competitividade na Mineração no Contexto Mundial”. Ele trouxe à tona a história atual do setor de mineração no Brasil, incluindo as mudanças provocadas pelo superciclo no Brasil, a entrada de novos players no mercado, o fim deste mesmo superciclo e a queda dos preços. “O Brasil ainda detém algumas das maiores reservas minerais do mundo, mas a mineração terá que se ajustar a este novo cenário. A tendência de gigantismo da década passada deu lugar a um encolhimento planejado com redução e venda de ativos para reduzir os endividamentos. Hoje a qualidade voltou a ser mais importante que a quantidade”, afirmou Alves. As novas ferramentas de gestão, mudanças nos processos de lavra e transporte e redução obrigatória no consumo de água, além da gestão de rejeitos e resíduos que agora estão se tornando ativos foram outros destaques debatidos após a apresentação.

Miguel Antônio Cedraz Nery, Diretor e Presidente interino da ABDI, disse que o setor está com a luz amarela acesa, “mas ainda não chegamos à vermelha”. A afirmação foi feita durante a palestra “Mineração, Cadeias Produtivas e Desafios Tecnológicos”. Em sua apresentação, ele fez um comparativo entre Minas Gerais e o mercado mundial, com destaque para a concorrência da Austrália e Canadá no setor de serviços e da Finlândia e Suécia, em equipamentos. “Estamos aquém de nossos concorrentes. Mas Minas Gerais ainda possui potencial competitivo. O que precisamos é de mais capacidade de financiamento e de pessoal, de diversificar as atividades econômicas e fortalecer a estrutura tecnológica”. Durante o painel apresentado por Paulo Beirão, Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, foi dito que o sistema de ciência, tecnologia e inovação do Estado precisa pensar em soluções para os problemas atuais e que é preciso encontrar soluções impensadas e impensáveis que podem ser absolutamente inovadoras.

A última palestra do dia foi do professor Roberto Luís de Melo Monte-Mór, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG, com o tema “Território Minerador e Organização Urbana”. O palestrante trouxe uma perspectiva oposta a tudo que foi levantado antes, mostrando o conflito entre os espaços produtivo e o reprodutivo e deu exemplos em Minas e no Pará. E apresentou detalhes sobre o Plano Metropolitano para a Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Para encerrar o dia de discussões, o professor Clélio Campolina resumiu os pontos debatidos que serão transformados em um relatório setorial, pois alguns pontos ainda precisam ser mais trabalhados, como a diversificação produtiva e o novo código mineral. Otávio Camargo, Diretor de Planejamento e Desenvolvimento do BDMG, ao lado de Ricardo Luiz, Vice-presidente do Indi, e Paulo Beirão, agradeceu a participação de todos e antecipou o convite para mais dois seminários sobre o setor para dar continuidade ao debate, que está apenas começando. “O Fórum trouxe uma reflexão sobre todo o setor no Estado e a busca de soluções e interações para o desenvolvimento. Precisamos repensar o setor mineral no sentido da economia do conhecimento e da tecnologia e, por isso, realizaremos mais dois seminários. O resultado será transformado em uma agenda de política pública que traduza todo o conteúdo coletado”, finalizou.