CARVÃO

G-20 investiu US$ 76 bilhões nos últimos nove anos

16/11/2016

 

Nos últimos nove anos, os países do G-20, liderados por China, Japão, Alemanha, Coreia do Sul e Estados Unidos, investiram US$ 76 bilhões no desenvolvimento do carvão em países como o Vietnã, a África do Sul, a Austrália e a Indonésia. Esta é a conclusão do estudo "A Armadilha do Carbono: Como a Economia Internacional do Carvão Prejudica o Acordo de Paris e a Implantação da Energia Limpa", divulgado pelo Conselho de Defesa dos Recursos Naturais e pela Oil Change International (OCI) durante a COP22, em Marrocos."Nosso clima sabe: os países não podem jogar dos dois lados. Eles não podem publicamente se vangloriar de reduzir a poluição do clima em casa, enquanto continuam a financiar enormemente o carvão no exterior", alertou o co-autor do relatório, Han Chen, defensor internacional do clima no NRDC. "Essas nações precisam parar de desperdiçar bilhões de dólares em energia suja e colocar mais força financeira nas energias limpas e renováveis e também na eficiência energética. Isso criará empregos e protegerá o planeta da catástrofe climática".

O relatório lembra que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirma que a queima de combustíveis fósseis está contribuindo para o aumento das temperaturas globais. Para cumprir o objetivo do Acordo de Paris - de limitar esse aumento de temperatura a menos de 2 graus Celsius - o mundo deve fazer a transição para uma energia mais limpa e eliminar os combustíveis fósseis. Agus Sari, CEO da Fundação Belantara, disse: "Na Indonésia, as empresas já estão desvinculando-se dos investimentos em carvão, devido ao risco de ativos desvalorizados. Sabemos que, na Indonésia, o carvão não resolverá nossas questões de acesso à energia, porque precisamos de maiores investimentos em energias renováveis adequadas à nossa geografia e que não tenham os mesmos impactos devastadores nos esforços de conservação e no clima global”.

"O Japão e a China são ambos líderes em tecnologia de energia renovável, mas ao invés de aumentar sua participação no mercado de energia limpa, eles estão optando por sufocar o planeta ao apoiar dezenas de novas usinas a carvão em todo o mundo", destacou Alex Doukas, Ativista sênior da OCI. "Cumprir os compromissos do acordo climático de Paris significa se afastar rapidamente dos combustíveis fósseis, mas o uso de escassos recursos públicos para financiar novas usinas de carvão pela China e pelo Japão está levando o mundo na direção oposta".

Entre 2007 e 2015, China, Japão, Alemanha e Coreia do Sul responderam por quatro quintos dos US$ 76 bilhões de financiamento a projetos de carvão, sendo China (US$ 25 bilhões), Japão (US$ 21 bilhões), Alemanha (US$ 9 bilhões) e Coreia do Sul (US$ 7 bilhões). Os países do bloco calculam investir mais US$ 24 bilhões.

Os três principais países beneficiários do financiamento de projetos de carvão do G-20 são a Indonésia (US$ 11 bilhões), Vietnã (US$ 10 bilhões) e África do Sul (US$ 7 bilhões). Indonésia e África do Sul são membros do G-20. Os países de baixa renda receberam menos de 2% do financiamento internacional do carvão do G-20. Em vez disso, a maior parte do dinheiro foi para países de renda média e alta, contrariamente às alegações freqüentes de que as finanças públicas para o carvão se destinam a ajudar os países mais pobres a expandir o acesso à energia.