ARTESANATO MINERAL

Artesãos na Bahia são despejados

20/10/2020

 

A Associação de Artesãos Minerais de Morro do Chapéu recebeu um comunicado dando “15 dias para tirar tudo” e devolver o imóvel onde fica sua sede. O grupo foi informado por meio de um bilhete escrito à mão. Após ser procurada através da ouvidoria, a prefeitura de Morro do Chapéu (BA) emitiu notificação extrajudicial. Os artesãos já estão no local há mais de 15 anos e têm o apoio da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). A empresa cedeu algumas máquinas e organizou o último curso de formação de artesão do município, em 2002. 

Segundo o documento recebido oficialmente pela associação, o terreno onde fica a sede foi cedido em regime de comodato para a Coelba. A nota assinada pelo secretário municipal de governo, Leandro Wilker, também alega que, com o final do mandato, a atual a gestão precisa “se organizar para proceder aos atos inerentes à transição”. 

Já o bilhete, diz apenas “15 dias para retirar tudo”. O papel é assinado com uma rubrica e traz um número de telefone celular para contato. A suspeita é que exista um comprador interessado no imóvel cedido à associação. O local tem amplo espaço e fica bem localizado, próximo à rodovia. Para o artesão Fabiano Neri, a entrega do imóvel pode significar o fim da associação. “Precisamos do espaço para instruir novos artesãos e artesãs. O que indiscutivelmente contribuiria para a retomada das atividades coletivas, trazendo, como consequência, a manutenção dos trabalhos e a geração de emprego e renda”, diz Neri. 

Existe a preocupação com o término da fonte de renda também. Fabiano construiu um galpão nos fundos da sua casa, mas a Coelba ainda não atendeu à solicitação de fornecimento de energia. Portanto, se a associação realmente perder a sede, ele não terá como dar conta das encomendas que recebe.