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Produção usará sucata como matéria-prima em 2050

30/06/2022
Relatório cita a reciclagem como uma das soluções que ajudariam a reduzir as emissões de gases do Escopo 3, que atualmente representam 90% das emissões do setor.

 

Segundo estudo do Boston Consulting Group (BCG) denominado “Greener Steel, Greener Mining”, a produção mundial de aço é responsável por 7% das emissões de gases de efeito estufa. Entre as alternativas para um futuro mais sustentável do setor – inclusive para alcançar o Net-zero, a reciclagem de sucata ferrosa em fornos elétricos a arco (EAF) é um caminho comprovado para descarbonizar a produção da matéria-prima, sem perda de qualidade. Em 2050, 38% do aço produzido terá como matéria-prima a sucata ferrosa, aponta o levantamento. 

O relatório cita a reciclagem como uma das soluções que ajudariam a indústria da mineração a reduzir as emissões de gases do Escopo 3, que atualmente representam 90% das emissões do setor. Ao expandir sua oferta de metais com baixo teor de carbono, como é o caso da sucata, as mineradoras podem incentivar o início de um “mercado circular” de ferro nas próximas décadas. “O aço é uma matéria-prima que pode ser reciclada infinitas vezes. Essa é uma oportunidade para os fornecedores da commodity de expandirem seus portfólios e, ao mesmo tempo, diminuírem suas emissões de carbono -- algo que é esperado pelo mercado para atingir as metas globais de Net-Zero”, diz Arthur Ramos, Diretor Executivo e Sócio do BCG Brasil. O estudo mostra ainda que é necessário entender os subsegmentos da cadeia de valor da sucata ferrosa para desenvolver uma estratégia de utilização rentável, além de construir um modelo de negócios concreto, passível de investimento. Como a indústria de sucata é bastante fragmentada, ela também pode obter crescimento de valor, aumentando a transparência e abrindo uma nova fonte de receita, ao dar uma nova finalidade para produtos que seriam descartados e gerariam ainda mais poluição.

O BCG ressalta que, embora seja promissora, a reciclagem não resolverá todos os problemas da indústria de mineração. Outras soluções apontadas são a captura, utilização e armazenagem de carbono, e a transição de altos-fornos para fornos elétricos. A reutilização do carbono emitido na produção de aço em processos industriais é bastante discutida globalmente, mas é uma ideia ainda imatura. A armazenagem do CO2 requer formações geológicas específicas e limitadas, que permitam que o gás seja bombeado e retido no subsolo. Além da tecnologia para o procedimento precisar de avanços, o método enfrenta resistência pública em muitas regiões, que não querem permitir as operações em seus territórios.

Já a substituição dos altos-fornos e fornos básicos de oxigênio (BOFs) de uma siderúrgica para produção de redução direta de ferro (DRI) e fornos elétricos a arco (EAF) é uma opção já amadurecida. As instalações de produção de DRI funcionam com gás natural e, ocasionalmente, usarão hidrogênio verde, podendo diminuir as emissões entre 33% e 55% em comparação com a produção de altos-fornos e BOFs, levando em consideração os Escopos 1, 2 e 3 de GEE. Mais de 100 milhões de toneladas de produção DRI-EAF, com gás natural, já estão em funcionamento em todo o mundo. “A solução para o Net-Zero na indústria do aço envolverá uma combinação de todas as três alternativas. A indústria como um todo tem um claro incentivo para descarbonizarem a produção do aço, e quanto antes começarem a colocar investimentos e ações em prática, terão recursos cada vez mais valiosos no longo prazo”, finaliza Arthur.