Da Serra Arqueada ao Complexo S11D Eliezer Batista

28/06/2022
Por Breno Augusto dos Santos

A vida me propiciou, como a todo mortal, bons e maus momentos. Mas a vida foi extremamente generosa em relação a Carajás. Tive a oportunidade de participar, ou pelo menos testemunhar, quase todas as transformações ocorridas na região, com os seus acertos e equívocos, por mais de meio século.

A região da Serra do Carajás começou a ser transformada na segunda metade da década de 1960, a partir da revelação de suas riquezas minerais. Embora as primeiras descobertas tenham sido feitas por empresas americanas, a ação política do governo brasileiro motivou a entrada da Companhia Vale do Rio Doce – CVRD (atual Vale), que hoje tem em Carajás a sua principal área de atuação no mundo.

Em pouco mais de cinco décadas, os trabalhos de exploração e pesquisa geológicas revelaram um considerável potencial em minério de ferro, mas também depósitos importantes de cobre-ouro, manganês e níquel.

Tudo começou em julho de 1967, com a curiosidade despertada na equipe de geólogos da Companhia Meridional de Mineração, subsidiária da poderosa siderúrgica americana United States Steel, pelas clareiras observadas nas fotos aéreas do Projeto Araguaia. O “Brazilian Exploration Program - BEP” foi liderado pelo geólogo americano Gene E. Tolbert, do “United States Geological Survey” – USGS”, mas que já havia atuado no Brasil, inclusive como professor de Geologia Econômica, no Curso de Geologia da Universidade de São Paulo. Essa curiosidade motivou o pouso na clareira existente na Serra Arqueada, durante o traslado do helicóptero do Xingu para a região do rio Itacaiúnas, quando foi verificada a presença de canga hematítica, responsável pela ausência de árvores de maior porte. Essa constatação possibilitou a hipótese de que as demais clareiras, bem maiores, também tivessem a mesma origem. 

A hipótese era assustadora, por sua grandiosidade. Mas essa fantástica realidade foi confirmada, em agosto de 1967, pelo sobrevôo a baixa altura, com pequeno monomotor, das clareiras de Serra Norte; pelo levantamento aeromagnético executado pela LASA, que registrou fortes anomalias magnéticas quando sobrevoava as clareiras; e, finalmente, pelos reconhecimentos geológicos preliminares, realizados pelos geólogos da equipe.

Entretanto, o minério de ferro não estava nos objetivos da United States Steel. A empresa fora atraída para a região Araguaia- -Xingu, hoje conhecida como Carajás, pelo fato da CODIM, subsidiária da Union Carbide, estar pesquisando o depósito de manganês da Serra do Sereno, descoberto acidentalmente, um ano antes, por um caçador. A busca do minério de manganês era a missão a ser cumprida, pois esse bem mineral era altamente estratégico para a indústria siderúrgica, principalmente a americana, em tempos da “Guerra Fria”.

E os deuses estavam do lado da equipe de geólogos da Meridional. No início de setembro, foi descoberto o depósito de minério de manganês de Buritirama, no primeiro alvo selecionado para a prospecção geológica. Hoje, Buritirama talvez corresponda à maior jazida de manganês descoberta no Brasil, superando em reserva, e produção, a de Serra do Navio e do Azul.

Leia a matéria completa na edição 421 de Brasil Mineral