ARTIGO

A cultura do certo: pequenas ações, grandes impactos

22/06/2017

 

Por Eduardo Lima - Diretor de Assuntos Corporativos da CMOC International Brasil 

“Atravessamos um momento de crise.” Esta frase, que permeia quase todas as discussões dos diversos grupos industriais no Brasil há alguns longos meses, não se refere única e exclusivamente à economia. Apesar do cenário de recente recessão, acredito em uma recuperação e crescimento. A crise de valores, no entanto, e a descrença na moralidade do Pais é o que mais tem atraído minha atenção.

Temos a sensação que o Brasil está passando a limpo a sua história e para que esse processo cumpra sua missão é necessário entender que a raiz de grandes escândalos está, muitas das vezes, nas pequenas ações e atitudes que culturalmente passam despercebidas ou que são genuinamente aceitas.  Nesse sentido, entendo que as empresas têm papel fundamental na construção desse novo país, garantindo um comportamento profissional e ético de seus empregados.

Uma forte diretriz de governança e compliance determina os princípios e valores que devem reger as relações entre empregados, clientes, acionistas, parceiros e fornecedores. As organizações devem ser rígidas e até mesmo implacáveis em identificar desvios em seu negócio e combater comportamentos desonestos, ilegais, fraudulentos ou corruptos.

Acredito, no entanto, que para ser rigorosa a empresa deve ser transparente e estabelecer canais abertos com seu público, seja por telefone ou e-mail.  É preciso ter clareza nas diretrizes e o empregado precisa entender o porquê das ações e quais suas reais implicações. É por meio do diálogo, ouvindo queixas, apresentando soluções e apurando denúncias que criamos a cultura do certo. Consequentemente, entendo que é dever da empresa promover o hábito de respeito às leis em suas atividades e garantir que não existam conflitos de interesses ou danos à imagem.

Parece impossível imaginar que empresas não possuem mecanismos internos para monitorar e controlar desvios ou comportamentos desonestos e, com isso, evitar que grandes problemas venham à tona. Temos que levar em conta que um forte sistema de compliance não impede que uma crise aconteça, mas sem dúvida deixa a empresa mais preparada.  Por isso, as ferramentas de gestão são fundamentais no trabalho de prevenção.  Cabe aqui o velho ditado popular: “é melhor prevenir que remediar ”

Qual o caminho a ser percorrido então? Trabalhar com a certeza que o modelo de governança deve adotar princípios sólidos e estruturados para atender à estratégia de negócio. É preciso ter em mente que a governança apoia o cumprimento da estratégia, não o oposto. Governança vai muito além de papéis e procedimentos, pois é ela que apoia a geração de resultados de forma sustentável e com credibilidade.

Atuar com protocolos coerentes e claros, para que todos na empresa possam cumprí-los corretamente, tem implicação direta na imagem positiva da empresa. Acredito que neste momento de crise, especialmente de valores, é que as empresas podem sair fortalecidas se investirem em suas políticas de integridade. Dessa maneira, seguir boas práticas de governança são condição básica para trabalhar com transparência e obter melhores resultados.